O plano da Nissan para salvar as suas fábricas ociosas é montar carros chineses nelas

Pouco tempo atrás, a Nissan parecia confiante de que uma fusão com a Honda seria a salvação diante de sua grave crise financeira.

Mas os planos desandaram rapidamente, e agora a montadora japonesa corre contra o tempo para cortar custos, manter fábricas abertas e buscar soluções nada convencionais para se manter relevante.

A mais inesperada dessas estratégias envolve uma velha conhecida da marca no mercado chinês: a Dongfeng.

Com um plano agressivo de enxugamento global que prevê o fechamento de sete de suas 17 fábricas no mundo, a Nissan decidiu manter a operação em Sunderland, no Reino Unido, viva.

nissan frontier pro 11
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Só que há um porém: a planta está funcionando muito abaixo de sua capacidade máxima. Em 2023, produziu apenas 282 mil unidades, embora tenha estrutura para fazer até 600 mil carros por ano.

A solução encontrada? Compartilhar a linha de produção com a chinesa Dongfeng, sua parceira de longa data na Ásia .

Durante uma conferência promovida pelo Financial Times, o CEO da Nissan, Ivan Espinosa, revelou que está “aberto a colaborações fora da China” e que essa integração com a Dongfeng em mercados internacionais está, sim, sendo considerada.

Na prática, isso poderia significar carros chineses saindo de uma fábrica britânica, algo que há poucos anos pareceria impensável.

nissan frontier pro 14
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Atualmente, a Nissan e a Dongfeng já dividem operações em Wuhan, onde produzem veículos para o mercado chinês.

A possibilidade agora é expandir essa relação para além da Ásia. Espinosa não detalhou quais modelos poderiam ser montados na Europa, nem quando esse novo capítulo começaria oficialmente.

Mas o fato da ideia ter sido ventilada já gerou debate no Reino Unido, especialmente por envolver uma fabricante estatal chinesa usando instalações estratégicas em solo europeu.

Paralelamente, a Nissan planeja impulsionar sua produção de carros elétricos na mesma planta inglesa, em parte graças à nova fábrica de baterias que será construída pela Envision AESC nas redondezas.

Avaliada em cerca de 1,3 bilhão de dólares, a instalação será a maior produtora de células de bateria do Reino Unido e abastecerá pelo menos três modelos eletrificados da marca.

Mas para que o plano funcione, a Nissan quer algo em troca: apoio do governo britânico.

Espinosa foi direto ao pedir que o país ajude com os custos energéticos, que no Reino Unido são bem mais altos do que nas fábricas da empresa em outros locais do mundo.

No fim das contas, a Nissan pode até seguir fabricando carros em solo britânico — mas nem todos terão DNA japonês. E, ironicamente, enquanto parte da Europa tenta conter o avanço de veículos chineses, a Nissan parece pronta para escancarar as portas da sua própria casa.



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Autor: Eber do Carmo

Fundador do Notícias Automotivas, com atuação por três décadas no segmento automotivo, tem 20 anos de experiência como jornalista automotivo no Notícias Automotivas, desde que criou o site em 2005. Anteriormente trabalhou em empresas automotivas, nos segmentos de personalização e áudio.