O problema da Tesla não é apenas Elon Musk

elon musk
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A crise que atinge a Tesla em 2025 não pode mais ser tratada como um tropeço pontual nem tampouco como resultado exclusivo das polêmicas de Elon Musk.

Apesar da fama do CEO sempre atrair os holofotes, os verdadeiros problemas da montadora estão enraizados em uma combinação perigosa de decisões mal calculadas, promessas não cumpridas e um portfólio estagnado que a deixou vulnerável frente aos concorrentes — especialmente os chineses.

O tombo nas vendas já se tornou impossível de ignorar.

A Tesla encerrou o primeiro semestre com uma queda significativa nas entregas globais, com destaque para a retração na Europa , onde as vendas despencaram em países-chave como Alemanha, França e Dinamarca.

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Mesmo nos Estados Unidos, seu maior reduto, a participação de mercado caiu de mais de 75% em 2022 para menos de 50% em 2024, de acordo com a Kelley Blue Book.

tesla master plan 4 (2)
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Na China, a situação também preocupa: os embarques da fábrica de Xangai recuaram na maioria dos meses de 2025.

Enquanto isso, Musk parece mais interessado em robôs humanoides e carros autônomos do que em expandir a linha de EVs com modelos acessíveis. O plano de lançar um carro abaixo de US$ 30 mil — promessa antiga desde 2006 — continua sendo adiado.

O tal modelo barato que está previsto para este ano, ao que tudo indica, será apenas uma versão simplificada do Model Y, sem grandes inovações. E o Cybertruck, lançado com pompa, está longe de atingir o volume de vendas esperado.

A BYD, por sua vez, cresce com força. Em abril, pela primeira vez, a montadora chinesa superou a Tesla em vendas de elétricos na Europa. E isso sem sequer vender nos Estados Unidos.

tesla model y performance 2026 9
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Além disso, a Xiaomi surpreendeu com seu segundo modelo, o YU7, que acumulou quase 300 mil pedidos em apenas uma hora. Com preços mais acessíveis e tecnologias mais modernas, essas marcas estão tomando de assalto mercados que a Tesla tratava como cativos.

No meio disso tudo, o envolvimento político de Musk só adiciona gasolina ao incêndio. Sua aproximação com Donald Trump e figuras da extrema-direita provocou uma onda de rejeição pública, principalmente em regiões progressistas como a Califórnia, onde as vendas caíram por quatro trimestres consecutivos.

O movimento “Tesla Takedown” ganhou força, com protestos, boicotes e até vandalismo contra concessionárias da marca.

A confusão política ainda gerou efeitos práticos no bolso: os créditos fiscais de até US$ 7.500 para compra de EVs nos EUA devem acabar em setembro, prejudicando ainda mais a atratividade dos modelos da Tesla.

tesla roadster (3)
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Para piorar, a nova legislação tributária de Trump removeu as penalidades para montadoras que não atingem metas de eficiência, o que reduz uma das fontes de lucro indireto da Tesla — a venda de créditos regulatórios.

Internamente, a Tesla vive uma debandada de executivos. Saídas estratégicas como a de Omead Afshar, responsável por vendas nos EUA e Europa, e de outros nomes-chave em engenharia e software, deixaram Musk no comando direto das operações.

Mas nem isso tem surtido efeito: a previsão é de que a empresa feche 2025 com menos vendas do que em 2024, em contraste com o crescimento global do mercado de EVs.

Como resposta, a Tesla tenta se mexer. Lançou um Model Y de seis lugares na China, e promete introduzir assistentes de voz com inteligência artificial local.

tesla diner la (2)
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Também fincou os pés na Índia, mas o modelo mais barato por lá custa US$ 70 mil, valor completamente fora da realidade da maioria dos consumidores do país.

E enquanto as vendas seguem em queda, Musk insiste que o futuro da empresa está na robótica.

Lançou um serviço de robotáxis em uma área limitada de Austin, no Texas, mas o sistema já é investigado por possíveis violações de trânsito. O CEO garante que 80% do valor da Tesla virá do robô Optimus, ainda em fase embrionária.

No fim das contas, a Tesla se vê cada vez mais desconectada da realidade do mercado e dos consumidores.

O problema da montadora vai muito além das falas polêmicas de Elon Musk — é estrutural, estratégico e, se não for corrigido rapidamente, pode custar caro demais para uma empresa que já foi sinônimo de futuro.

[Fonte: Bloomberg ]

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Autor: Eber do Carmo

Fundador do Notícias Automotivas, com atuação por três décadas no segmento automotivo, tem 20 anos de experiência como jornalista automotivo no Notícias Automotivas, desde que criou o site em 2005. Anteriormente trabalhou em empresas automotivas, nos segmentos de personalização e áudio.


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