
Durante décadas, nos prometeram que, até agora, já estaríamos voando com nossos carros.
A realidade, no entanto, não só ficou aquém dessa expectativa, como ainda adicionou uma série de “inovações” que mais parecem complicar do que melhorar a vida de quem dirige.
Em tempos onde até uma simples função exige navegar por telas e menus, a sensação é de que a tecnologia automotiva perdeu a mão.
Não se trata de ser contra o progresso.
Quem cresceu vendo a internet nascer, os celulares se transformarem em supercomputadores de bolso e a era do streaming substituir a televisão tradicional sabe bem reconhecer o valor da inovação.

A questão é que muitos dos recursos modernos nos carros de hoje parecem ter esquecido um princípio básico: tornar a vida mais fácil, e não mais irritante.
Um dos exemplos mais emblemáticos é o sistema Auto Start-Stop. Pensado para economizar combustível e reduzir emissões desligando o motor em paradas, como em semáforos, na prática ele gera uma economia insignificante e um incômodo constante.
O funcionamento brusco e a sensação de que o carro vai “morrer” a cada parada tornam o recurso mais um fardo do que uma vantagem. Além disso, há quem defenda que o sistema possa, a longo prazo, desgastar mais rapidamente o motor de partida e a bateria.
Outro grande ponto de frustração é a obsessão pelas telas sensíveis ao toque.

Funções básicas que antes eram controladas com um simples botão agora exigem que o motorista se aventure por menus complexos, tirando a atenção do trânsito em momentos críticos.
E se a tela quebrar ou travar? Prepare-se para custos altíssimos de reparo, sem mencionar o desconforto de depender de um sistema que, para ser “reiniciado”, exige desligar e religar o carro — algo nada prático em um engarrafamento.
As promessas de maior segurança também tropeçaram na prática. Sistemas de Assistência Avançada ao Motorista, conhecidos como ADAS, trouxeram mais dores de cabeça do que soluções.
Um simples serviço de funilaria, como a troca de um para-choque, pode virar um pesadelo técnico, exigindo calibração precisa de sensores e câmeras.
Sem contar os alertas falsos, os avisos incessantes e o comportamento invasivo de assistências como o monitoramento de permanência em faixa, que às vezes mais atrapalham do que ajudam.
O que era para ser uma evolução parece ter se transformado em uma batalha contra a própria tecnologia embarcada.
Muitos motoristas sentem saudades dos tempos em que os carros eram mais simples, intuitivos e previsíveis. Botões físicos, sistemas mecânicos duráveis e uma direção que respondia diretamente à habilidade do condutor parecem cada vez mais luxos raros.
Claro que nem toda tecnologia é vilã.
Itens como câmeras de ré, bancos aquecidos e sistemas de segurança aprimorados são avanços inegáveis.
Mas a sensação que fica é que, ao tentar transformar nossos veículos em smartphones sobre rodas, a indústria esqueceu do prazer fundamental de dirigir: a conexão direta entre homem e máquina, sem intermediários tecnológicos para complicar o que deveria ser simples.
No fim das contas, a pergunta que fica é: estamos mesmo tornando a experiência de dirigir melhor, ou apenas criando mais obstáculos no caminho?
[Fonte: Jalopnik]

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