“Os táxis não se alinham ao nosso padrão de luxo”: Mercedes não quer mais que seus carros sejam táxis na Europa

ikonen im stadtverkehr

Por décadas, a imagem de um táxi na Europa — especialmente na Alemanha — foi sinônimo de um sedã da Mercedes-Benz.

No entanto, essa associação está desaparecendo rapidamente, à medida que a marca perde espaço no mercado de táxis. Mas essa queda drástica não é fruto de um mero acaso, e sim de uma mudança estratégica calculada pela montadora.

Os números mais recentes destacam esse declínio. De janeiro a agosto de 2024, as vendas de táxis da Mercedes na Alemanha despencaram 71%, totalizando apenas 497 unidades, comparado a 1.730 no mesmo período de 2023.

O modelo mais tradicional para táxis, o Classe E, sofreu uma redução de 90% em suas vendas, com apenas 127 unidades comercializadas. A Classe B, outro modelo popular em anos anteriores, registrou apenas uma unidade vendida no período — uma queda surpreendente de 95%.

Esse colapso nas vendas fez com que a participação de mercado da Mercedes no segmento de táxis alemão caísse de 52% em 2019 para apenas 13% em 2024.

Em contrapartida, a Volkswagen tomou a dianteira, com seus modelos Touran e Caddy ganhando popularidade entre os operadores de táxis, enquanto a Toyota, com o Corolla e o RAV4, também superou a Mercedes.

Curiosamente, a Mercedes-Benz parece não estar muito preocupada com essa perda de mercado. De fato, a marca já havia anunciado que não continuaria oferecendo modelos de táxis com conversão de fábrica e que também suspenderia os descontos especiais para frotas de táxis.

O CEO da Mercedes, Ola Källenius, justificou essa decisão afirmando que o setor de táxis é pequeno demais para garantir viabilidade econômica nas conversões de fábrica.

Essa mudança reflete um reposicionamento da marca, que agora está focada em manter sua imagem de luxo.

“Os táxis não se alinham aos nossos padrões de luxo”, comentou um executivo da Mercedes ao jornal alemão Handelsblatt . E, de fato, a Mercedes não é a única a deixar esse segmento; suas concorrentes BMW e Audi também evitam o mercado de táxis.

Para alguns especialistas, essa decisão pode ser arriscada, já que os táxis servem como uma “vitrine móvel” para consumidores em potencial.

Cada passageiro tem a chance de experimentar o conforto e a qualidade dos veículos da marca, o que poderia gerar interesse em futuras compras.

No entanto, para a Mercedes, o volume de vendas no setor de táxis — cerca de 7.000 novos registros por ano — parece não justificar o investimento.

Mesmo com essa mudança de foco, a Mercedes continuará a oferecer seus sedãs Classe E para serviços de limusine, mas qualquer conversão futura para táxis será responsabilidade de empresas terceirizadas, o que pode desmotivar os operadores de táxis devido aos custos envolvidos.

Embora essa nova estratégia esteja afastando a Mercedes do mercado de táxis, ela reflete a intenção clara da marca de se consolidar no segmento de luxo, ainda que isso signifique abrir mão de um setor historicamente importante para sua imagem.

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Autor: Eber do Carmo

Fundador do Notícias Automotivas, com atuação por três décadas no segmento automotivo, tem 18 anos de experiência como jornalista automotivo no Notícias Automotivas, desde que criou o site em 2005. Anteriormente trabalhou em empresas automotivas, nos segmentos de personalização e áudio.