
A transição para veículos elétricos na Índia tem avançado de forma mais lenta do que o esperado, mas uma nova proposta da Suprema Corte pode mudar esse cenário a partir do topo da pirâmide.
Os juízes sugeriram ao governo que comece a banir, de forma gradual, os modelos de luxo com motor a combustão — incluindo híbridos e plug-in híbridos.
A ideia é testar uma abordagem segmentada: atingir o setor premium como projeto-piloto para acelerar a mudança sem impactar a base do mercado.
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Segundo dados do Autocar India, os EVs já representam cerca de 12% das vendas no segmento de luxo, um número muito superior aos modestos 2% a 3% registrados entre os modelos populares.
A proposta, portanto, visa um grupo que já está mais receptivo à eletrificação e que possui alternativas disponíveis no mercado.

O argumento da corte é que veículos de luxo atendem a uma fatia muito pequena e abastada da população, o que permitiria impor restrições sem prejudicar o acesso da maioria aos carros novos.
O juiz S. K. Kant destacou que fabricantes como Mercedes-Benz e BMW já oferecem versões elétricas de seus principais modelos, mantendo padrão de conforto e desempenho comparável aos movidos a gasolina ou diesel.
“Como esses veículos atendem a um segmento muito restrito e de alta renda, impor limites aos carros de luxo a combustão pode ser um ponto de partida. O cidadão comum não será afetado”, declarou o magistrado.
Apesar do impacto direto sobre o volume total de emissões ser limitado — já que os veículos premium representam uma parcela mínima da frota — a medida teria forte valor simbólico.
Críticos, no entanto, apontam que o verdadeiro desafio ambiental está na frota envelhecida de carros populares e veículos comerciais leves, que permanecem em circulação por décadas por conta da ausência de uma política eficaz de descarte.
Além disso, o banimento de modelos a combustão no segmento de luxo poderia afetar empregos ligados à cadeia de fornecimento e às operações locais de montadoras que ainda produzem essas versões no país.
Mesmo com os obstáculos, o governo indiano demonstrou abertura ao debate e confirmou que o tema está em análise por pelo menos 13 ministérios e departamentos.
O procurador-geral da Índia afirmou que a administração está “ciente da proposta” e que há articulação em andamento em diversas frentes, como incentivos à produção local e expansão da rede de recarga.
Por ora, trata-se apenas de uma sugestão sem cronograma definido, mas o Supremo Tribunal solicitou a revisão do Plano Nacional de Mobilidade Elétrica.
Uma nova audiência sobre o tema está prevista para dezembro, quando o governo deverá apresentar um posicionamento mais claro sobre os próximos passos.
Se levada adiante, a proposta pode fazer da Índia um dos primeiros países a testar uma abordagem de transição elétrica iniciada pelo topo da cadeia automotiva, mirando os consumidores com maior poder aquisitivo para acelerar uma transformação que ainda caminha devagar.
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