
O ano de 2025 começou com pé esquerdo para a Tesla.
A fabricante de veículos elétricos anunciou nesta quarta-feira (2) que entregou 336.681 unidades no primeiro trimestre, número bem abaixo das 390 mil previstas por analistas segundo dados da Bloomberg.
Em comparação ao mesmo período de 2024, quando a empresa vendeu 386.810 veículos, a queda foi de cerca de 13%. Mas o tombo fica ainda mais evidente quando se observa o desempenho em relação ao último trimestre de 2024: uma retração de mais de 32%.
Com produção de 362.615 unidades no período, a Tesla também viu seus estoques crescerem, sinalizando uma desaceleração na demanda — especialmente em mercados estratégicos.
As vendas na Europa despencaram quase 43% e, na China, o recuo foi de dois dígitos. Essa combinação de fatores faz do primeiro trimestre de 2025 o pior desempenho da empresa desde o segundo trimestre de 2022.

Embora o início do ano costume ser mais fraco para o setor automotivo em geral, a Tesla enfrenta uma série de desafios específicos. A pausa na produção do Model Y para a adaptação às atualizações da linha prejudicou significativamente os números, já que esse modelo responde por boa parte das vendas globais da marca.
Enquanto isso, os outros modelos — Model S, Model X e Cybertruck — juntos somaram apenas 12.881 entregas, o equivalente a menos de 4% do total. E o aguardado novo Roadster? Mais uma vez, zero unidades entregues.
Mas os problemas da Tesla não se limitam à produção. O envolvimento político de Elon Musk, que ainda ocupa o cargo de CEO da empresa, tem criado ondas de rejeição que afetam diretamente a percepção da marca.
Desde que passou a se posicionar de forma agressiva no espectro da extrema-direita americana, Musk destinou mais de US$ 300 milhões para impulsionar a campanha de reeleição de Donald Trump, além de se envolver em disputas eleitorais na Alemanha e em estados-chave dos EUA, como Wisconsin.
A associação cada vez mais explícita entre Tesla e as posturas políticas controversas de Musk tem gerado protestos e boicotes por parte de consumidores que, até pouco tempo atrás, eram parte do público-alvo da marca — especialmente entre progressistas e ambientalistas.
Essa rejeição pública está refletida tanto na queda nas vendas quanto na rápida desvalorização dos modelos usados, com o Cybertruck como um dos principais exemplos.
Enquanto a Tesla tenta reorganizar sua linha de produção e retomar o fôlego nas vendas, paira a dúvida sobre até que ponto o comportamento do seu CEO está corroendo o prestígio construído ao longo da última década.
O primeiro trimestre de 2025 mostrou que, mais do que problemas logísticos, a Tesla enfrenta agora uma crise de imagem — e talvez de identidade.

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