
Estacionar por alguns minutos em local proibido é, em geral, uma infração simples, punida com multa ou, em casos mais graves, com reboque do veículo.
Mas para uma empresa de transporte da Carolina do Norte, esse pequeno deslize acabou se tornando um prejuízo de US$ 12 mil — o que, para muitos, ultrapassa os limites da punição e beira a exploração.
O caso aconteceu em Charlotte, na West Pointe Drive, uma rua onde as placas de “proibido estacionar” e “sujeito a reboque” estão por todos os lados.
Mesmo assim, um motorista de caminhão decidiu parar o veículo por alguns minutos, alegando que viu outros caminhões estacionados ali.
De fato, imagens do Google Street View confirmam que essa prática é comum no local. Mas dessa vez, o azar bateu à porta rapidamente.
Minutos após estacionar, o caminhão foi abordado por um guincho da empresa Ingram’s Towing and Recovery, conhecida na região.
O motorista foi informado de que o custo para liberar o veículo seria de US$ 3 mil. Quando a proprietária do caminhão, Lisa, chegou ao local para tentar resolver a situação, o valor já havia subido para US$ 6 mil. E não parou por aí.
Segundo Lisa, o próprio motorista tentou alertar os colegas que também estavam estacionados no local para que saíssem antes de serem guinchados.
A empresa, então, aumentou a cobrança para US$ 12 mil, alegando “perda de negócios” por conta da tentativa de alertar outros caminhoneiros.
Mesmo chocados, os donos decidiram pagar a quantia para recuperar o caminhão. “Eu me senti enjoada. Não conseguimos nem dormir naquela noite”, contou Lisa à emissora WSOC.
A Ingram’s Towing já era conhecida por práticas questionáveis. Em 2023, a empresa cobrou US$ 6 mil por um serviço de 16 milhas — exigindo pagamento em dinheiro vivo.
Na ocasião, o proprietário se recusou a detalhar como chegou ao valor cobrado, apenas sugerindo que outras empresas locais cobrariam o mesmo.
No entanto, entrevistas com concorrentes revelaram que os valores normais para situações semelhantes variam entre US$ 750 e US$ 4.500.
O caso gerou tanta indignação que uma petição no Change.org foi lançada pedindo investigação e fechamento da empresa por práticas abusivas. Até o momento, milhares de pessoas já assinaram.
A polêmica reacende o debate sobre até que ponto o mercado pode funcionar sem regulação. Embora o motorista tenha de fato estacionado ilegalmente em uma propriedade privada, o valor cobrado parece desproporcional ao serviço prestado.
A Suprema Corte da Carolina do Norte, em decisões anteriores, vetou a imposição de limites de preços para empresas de guincho.
Porém, legisladores estaduais agora trabalham em um projeto de lei para proibir o bloqueio (booting) de caminhões pesados — um primeiro passo em direção à regulamentação.
A situação é um exemplo emblemático de como uma infração relativamente pequena pode se transformar em um pesadelo financeiro.
Fica o questionamento: onde termina a aplicação justa da lei e começa a exploração do desespero alheio?
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