
Foi só depois de um ano levando a filha para a escola que Phil Bellamy, um britânico de 51 anos, descobriu que sua filha adolescente detestava aquele trajeto diário de 10 minutos.
O motivo? Enjoo. Não por causa de curvas acentuadas, nem pela estrada — o problema era o próprio carro: um modelo elétrico novinho em folha.
Para Bellamy, dirigir o carro era uma experiência tranquila e prazerosa. Mas, para suas filhas, era quase uma tortura.
O desconforto era tão intenso que elas passaram a recusar qualquer viagem com ele, a não ser que estivessem medicadas com comprimidos para enjoo.
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“Elas já tomam o remédio antes de entrar no carro. Nem cogitam a ideia de viajar sem ele”, conta Bellamy.

Apesar de ainda não ser amplamente discutido, o enjoo causado por carros elétricos está começando a chamar atenção.
Segundo reportagem do The Guardian, pessoas que nunca tiveram problemas com náuseas em veículos convencionais estão começando a se sentir mal ao andar em EVs — e isso está sendo respaldado por estudos científicos.
Entre os fatores apontados estão a aceleração rápida dos elétricos, os sistemas de frenagem regenerativa e a ausência de estímulos sensoriais como o ruído do motor ou as vibrações típicas dos modelos a combustão.
Em outras palavras, a suavidade extrema dos EVs, que para alguns é uma qualidade, está virando um pesadelo para outros.

Um estudo realizado na China, país que lidera a produção de EVs no mundo, mostrou que os sintomas de enjoo são mais intensos nesses veículos do que nos modelos tradicionais.
E esse incômodo não afeta apenas quem compra: passageiros de apps de transporte como Uber também estão relatando problemas.
A influenciadora digital Atiah Chayne, de Londres, contou nas redes sociais como passou a evitar carros elétricos após ter episódios recorrentes de náusea extrema durante corridas de Uber.
“O enjoo começava em menos de um minuto de trajeto. E só passava quando eu saía do carro”, relata.
Especialistas como o professor John Golding, da Universidade de Westminster, explicam que a falta de controle do passageiro sobre o movimento do carro é um dos fatores centrais para o enjoo.
Segundo ele, isso tende a piorar com a chegada dos carros autônomos, onde ninguém terá controle sobre o veículo.
A indústria automotiva já estuda soluções, como a inclusão de vibrações nos bancos para antecipar curvas e mudanças de direção, ajudando o corpo do passageiro a se preparar.
Enquanto isso, especialistas recomendam medidas simples: evitar olhar o celular, manter a cabeça parada, abrir a janela e, se possível, sentar-se no banco da frente para ter uma visão mais ampla da estrada.
Há ainda soluções complementares como o uso de medicamentos, pulseiras de acupressão (que funcionam mais pelo efeito placebo do que por comprovação científica) e até a escuta de sons em frequência de 100 Hz, prática estudada no Japão para estimular o sistema vestibular.
Enquanto o futuro da mobilidade elétrica se consolida, é preciso lembrar que nem tudo são flores.
Para alguns, os carros elétricos estão trazendo uma revolução silenciosa — literalmente silenciosa demais para o estômago aguentar.
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