Peças automotivas chinesas invadem a Alemanha e ameaçam o coração da indústria local

bosch logo (1)
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A pressão vinda da China está abalando as estruturas da indústria automotiva alemã, num momento em que o setor já enfrenta queda na demanda e custos operacionais em alta.

Peças automotivas chinesas, como sistemas elétricos e componentes metálicos forjados, estão chegando à Alemanha com velocidade surpreendente, afetando diretamente fornecedores tradicionais como Bosch, Mahle e PWO.

Essa nova ofensiva chinesa é resultado de investimentos em modernização industrial que reduziram a distância em qualidade em relação aos produtos alemães, antes considerados superiores.

Representantes sindicais apontam que o volume de peças importadas da China aumentou drasticamente desde a pandemia, e agora ameaça a sobrevivência de empresas locais.

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Andreas Bohnert, líder do conselho de trabalhadores da PWO, afirma que a qualidade dos produtos chineses melhorou muito, o que evidencia o avanço tecnológico do país asiático.

mahle fabrica alemanha
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A concorrência está empurrando os preços para baixo, esmagando as margens de lucro dos fornecedores europeus e provocando cortes em produção e empregos.

Os números já assustam: segundo levantamento da Bloomberg, o setor automotivo alemão deve eliminar cerca de 100 mil vagas até 2030.

Entre as empresas com maiores cortes previstos estão Volkswagen (35 mil), Bosch (18,5 mil), ZF Friedrichshafen (14 mil) e Continental (10,1 mil), entre outras.

O estudo do Instituto Econômico Alemão, com sede em Colônia, apontou um crescimento explosivo nas importações de autopeças chinesas, incluindo triplicação no volume de componentes de câmbio para carros a combustão.

Além disso, uma pesquisa da associação CLEPA revelou que quase 70% dos fabricantes de peças europeus já enfrentam concorrência direta de fornecedores chineses — um salto de 12 pontos percentuais em relação a março.

A pressão está corroendo a rentabilidade das empresas, com a maioria prevendo margens abaixo de 5%, o mínimo necessário para manter investimentos.

Benjamin Krieger, secretário-geral da CLEPA, alerta que sem medidas concretas, a produção de peças na Europa pode desaparecer, levando consigo empregos e conhecimento técnico.

Na Mahle, o presidente do conselho de trabalhadores, Boris Schwürz, denuncia que os chineses estão invadindo nichos de mercado que antes eram domínio exclusivo dos alemães.

Há relatos de que algumas montadoras, como Volkswagen, BMW e Mercedes-Benz, já estão adquirindo peças chinesas por valores abaixo até mesmo do custo de fabricação.

De acordo com Frank Sell, representante sindical da Bosch, a diferença de preço chega a 30% em relação aos produtos europeus, o que pressiona o setor a rever suas estratégias.

Ele sugere que a Europa avalie a possibilidade de exigir que empresas estrangeiras realizem parte da produção dentro do território europeu como forma de preservar a competitividade e o emprego local.

O cenário traçado aponta para uma reconfiguração profunda da cadeia de fornecimento automotivo na Europa, com os EVs e a expansão asiática acelerando esse processo.

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Autor: Eber do Carmo

Fundador do Notícias Automotivas, com atuação por três décadas no segmento automotivo, tem 20 anos de experiência como jornalista automotivo no Notícias Automotivas, desde que criou o site em 2005. Anteriormente trabalhou em empresas automotivas, nos segmentos de personalização e áudio.


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