Pela primeira vez, preço médio de carros novos ultrapassa os 50 mil dólares nos Estados Unidos

O mercado automotivo dos Estados Unidos acaba de atingir um marco preocupante: pela primeira vez na história, o preço médio de um carro novo ultrapassou os US$ 50 mil (cerca de R$ 275 mil na cotação atual).

De acordo com dados da Kelley Blue Book, referência no setor, o valor médio chegou a US$ 50.080 em setembro, impulsionado principalmente pelo crescimento das vendas de veículos elétricos e modelos de luxo.

Essa escalada nos preços vem agravando uma crise de acessibilidade que já afasta boa parte dos consumidores.

A analista Erin Keating, da Cox Automotive, afirmou que o clássico carro de US$ 20 mil está praticamente extinto, e compradores mais conscientes com o orçamento estão sendo empurrados para o mercado de usados ou simplesmente prolongando a vida útil de seus veículos atuais.

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Nos últimos cinco anos, o preço médio de carros novos subiu mais de 25%.

O perfil do consumidor também mudou: as concessionárias estão vendendo cada vez mais SUVs e picapes caras, enquanto os modelos mais acessíveis desaparecem do portfólio das montadoras.

Como reflexo, a idade média da frota nos EUA já ultrapassa 12 anos, segundo levantamento da S&P Global.

Aqueles que ainda conseguem comprar um carro novo estão apelando para financiamentos longos, com prazos de até sete anos.

O valor médio das parcelas já chega a US$ 754 por mês, e cerca de 20% dos compradores estão comprometendo mais de US$ 1.000 mensais no financiamento do automóvel.

Um dos principais fatores para o salto nos preços foi a corrida por veículos elétricos antes do fim de um crédito fiscal federal de US$ 7.500.

O movimento provocou um pico nas vendas de EVs, que agora representam 12% do mercado americano. O preço médio desses modelos ficou em US$ 58.124 em setembro, bem acima da média geral.

Além dos elétricos, os carros de luxo também ganharam espaço.

Mais de 60 modelos com valores acima de US$ 75 mil representaram 7,4% das vendas totais no mês — crescimento expressivo em relação aos 6% registrados no mesmo período do ano passado.

Ainda que as tarifas impostas pelo governo Trump sobre importações não tenham sido totalmente repassadas aos consumidores até agora, analistas alertam que esse impacto chegará em breve.

Com os custos de produção pressionados, as montadoras terão que aumentar ainda mais os preços para manter a lucratividade.

Enquanto isso, o sonho do carro zero nos EUA vai se tornando, cada vez mais, um privilégio de poucos, mas ainda muito mais fácil de alcançar do que no Brasil.