
O debate sobre o impacto ambiental e a segurança de veículos grandes ganhou um novo capítulo na Alemanha, onde uma organização ambiental está pressionando para conter a entrada de picapes americanas no país.
A entidade alemã DUH (Ação Ambiental Alemanha), conhecida por sua atuação em prol da proteção ambiental e dos consumidores, decidiu levar aos tribunais uma disputa com a Autoridade Federal de Transporte Motorizado da Alemanha (KBA), acusando o órgão de omitir dados sobre a entrada desses modelos nos registros nacionais.
Segundo a DUH, caminhonetes como a Ford F-Series, os modelos Ram e outras picapes da GM não atendem aos critérios de homologação da União Europeia, principalmente no que diz respeito às normas de segurança e emissões.
Diferentemente de carros como o Ford Mustang ou o Cadillac Lyriq, que conseguem se adequar às exigências locais, as picapes de grande porte estariam escapando das regras ao serem aprovadas individualmente.
O principal argumento da associação está na discrepância entre os padrões de emissão de CO2 desses veículos e os dos carros vendidos regularmente no mercado europeu.
Algumas picapes chegam a emitir até nove vezes mais poluentes, além de não contarem com sistemas de segurança obrigatórios no continente.
Com tamanhos que podem ultrapassar os 6,8 metros de comprimento e 2,7 metros de largura, esses modelos também enfrentam dificuldades físicas para circular nas ruas estreitas e estacionar nas vagas padronizadas da Europa.
A preocupação aumenta ao se observar os dados de 2023: mais de 4 mil registros de picapes americanas foram feitos nos países da União Europeia, sendo que cerca de 80% ocorreram apenas na Alemanha.

O destaque vai para os modelos Ram, com quase 3 mil unidades emplacadas, superando inclusive a popularidade de vendas domésticas de alguns concorrentes como o Ford F-Series e o Chevrolet Silverado.
Para a DUH, esse crescimento na presença de veículos de grande porte é inaceitável e está sendo facilitado pela omissão das autoridades em aplicar regras mais rígidas.
Após o KBA se recusar a divulgar informações sobre os processos de homologação individual, a associação ambiental decidiu processar o órgão com base na Lei de Informação Ambiental, exigindo mais transparência sobre como esses veículos estão sendo autorizados a circular.
O diretor-geral da DUH, Jürgen Resch, foi direto ao afirmar que a entrada desses veículos representa não apenas um retrocesso ambiental, mas também um aumento significativo no risco de acidentes graves.
Ele defende medidas mais duras do governo alemão, como a aplicação de impostos mais altos e restrições severas para estacionamento, com o objetivo de desestimular a compra e o uso dessas picapes no país.
Essa movimentação acontece em meio a um cenário onde o público alemão parece estar cada vez mais crítico em relação aos veículos de grande porte vindos dos Estados Unidos.
A crescente atenção a questões climáticas, somada à preferência por modelos mais eficientes e adaptados às cidades europeias, pode significar um ambiente cada vez mais hostil para as picapes XXL norte-americanas no mercado alemão.

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