
A nova geração de carros elétricos chineses está cada vez mais parecida — e isso está se tornando um problema sério para a própria indústria local.
Modelos de marcas distintas exibem designs quase idênticos, com as mesmas lanternas em faixa, sensores de teto, maçanetas embutidas e o famoso trio interno: painel pequeno, telona central e volante achatado.
Se por fora os EVs parecem vir da mesma fábrica, por dentro a sensação de déjà vu é ainda mais forte. E segundo críticos do setor, isso não é coincidência — é resultado de uma cultura de imitação disfarçada de concorrência.
Chen Zheng, vice-presidente global de design da Geely, não poupou palavras ao apontar o que chama de “seguimento cego de tendências” na indústria automotiva chinesa.
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Para ele, a obsessão por copiar o que está na moda prejudica a diferenciação entre marcas, tornando difícil até para os consumidores distinguirem um modelo do outro.
A crítica é reforçada por Lu Fang, CEO da Voyah, que vê nessa homogeneização um reflexo da falta de inovação verdadeira no setor.
Segundo ele, o que parece ser competição acirrada entre empresas é, na prática, uma guerra de cópias que prioriza lançamentos rápidos e margens curtas em vez de soluções originais baseadas nas reais necessidades dos usuários.
Exemplo claro desse embate surgiu com o lançamento do Dongfeng Forthing Xinghai S7, que levantou acusações diretas de plágio por parte do diretor de design da IM Motors.

Para ele, o Xinghai S7 é visualmente muito parecido com o IM L7, seu modelo de referência — o que expõe até mesmo os conflitos internos entre marcas controladas pelo mesmo grupo, já que a Dongfeng é dona da Voyah.
Por trás dessa avalanche de EVs semelhantes está a padronização técnica: fornecedores vendem os mesmos componentes para diferentes marcas, e os “listões de peças” se repetem de um modelo para outro.
A consequência é um mercado lotado de veículos com promessas tecnológicas idênticas, mas pouca personalidade e ainda menos inovação real.
A adoção em massa do sistema de condução autônoma Qiankun ADS, desenvolvido pela Huawei, ilustra essa uniformização: já se tornou quase item de série até em modelos de marcas ocidentais com produção local, como Audi A5L e Q5L.

Para especialistas do setor, o problema vai além da estética. Muitos desses carros oferecem fichas técnicas robustas, mas são apenas variações de um mesmo projeto básico com carrocerias diferentes.
A busca por lucro rápido e a dificuldade em proteger propriedade intelectual só pioram o cenário.
De acordo com reportagem do portal Sohu, provar plágio de design automotivo na China é quase impossível. O resultado: muitos processos terminam em acordos ou são arquivados, encorajando ainda mais a prática.
Na ausência de regulamentação eficiente, sobra espaço para que pseudo-inovações tomem conta do mercado, onde a criatividade cede lugar à conveniência.
Enquanto isso, os consumidores se deparam com vitrines cheias de carros com aparência futurista, mas que por dentro são variações do mesmo tema — um reflexo do empobrecimento criativo que ameaça a identidade das marcas chinesas em um momento em que o mundo inteiro observa seus próximos passos.
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