Enquanto o mercado brasileiro amarga preços cada vez mais altos até mesmo para os carros considerados populares, a China dá mais um passo à frente na revolução dos elétricos acessíveis.
Prova disso é o novo Bestune Pony EV, um carro 100% elétrico lançado por apenas 34.900 yuans — algo em torno de R$ 27 mil.
Isso mesmo: por menos do que se paga em uma scooter premium ou em muitas bicicletas elétricas por aqui, os chineses já podem levar para casa um carro urbano completo.
O modelo é fabricado pela FAW, uma das gigantes estatais do setor automotivo chinês, que reposicionou sua antiga linha Besturn para Bestune em 2018, com foco em veículos acessíveis.
Desde o lançamento da primeira geração do Pony no ano passado, já foram vendidas mais de 100 mil unidades. E a nova versão 2026 chega com visual renovado, mantendo o estilo quadradinho típico dos kei cars japoneses, agora com luzes de LED e combinações de cores vibrantes.
Com apenas 3 metros de comprimento e 1,5 metro de largura, o Pony é ideal para o trânsito urbano.
Seu motor traseiro entrega 42 cavalos de potência, o suficiente para deslocamentos do dia a dia, e a bateria LFP de 18,11 kWh garante até 222 km de autonomia no ciclo chinês CLTC.
Nada mal para um modelo tão compacto — e tão barato.
No interior, o foco é na simplicidade funcional. Há painel digital, ar-condicionado básico, rádio com Bluetooth e sensores de estacionamento.
Nas versões mais equipadas, a central multimídia cresce para 10,1 polegadas e ainda há assistente de direção inteligente. O melhor: mesmo na versão topo de linha, o preço não passa de R$ 33 mil.
Enquanto isso, no Brasil, não há nenhum carro zero quilômetro por menos de R$ 70 mil. Modelos considerados “populares”, como Renault Kwid e Fiat Mobi, mal entregam o básico e já ultrapassam os R$ 75 mil em suas versões de entrada.
E quando se fala em carro elétrico, o buraco é ainda mais embaixo: o mais barato hoje é o BYD Dolphin Mini, que parte de R$ 115 mil — quase cinco vezes o preço do Pony EV na China.
A comparação escancara a distância entre as políticas industriais e estratégias de mercado dos dois países. Enquanto a China aposta na escala e no incentivo à mobilidade elétrica de baixo custo, o Brasil continua refém de uma cadeia produtiva inflacionada, carga tributária pesada e baixa competitividade.
Se o Pony EV fosse vendido por aqui pelo mesmo preço chinês, seria uma verdadeira revolução. Mas, infelizmente, a realidade brasileira ainda está longe de permitir que um carro elétrico custe o equivalente a uma motocicleta de média cilindrada.
Por enquanto, resta observar de longe a ousadia da indústria chinesa — e se perguntar por que ainda estamos tão atrasados.
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