As tarifas de importação, em teoria, deveriam proteger a indústria automotiva americana da concorrência estrangeira.
Mas na prática, a medida está gerando dores de cabeça justamente para algumas das maiores montadoras instaladas no país — incluindo a Stellantis, que acaba de ser rebaixada pelo Banco UBS, empresa de serviços financeiros globais com sede na Suíça, em um momento de forte volatilidade no mercado financeiro.
De acordo com o Seeking Alpha, o analista Patrick Hummel, do Banco UBS, apontou que a tarifa de 25% sobre automóveis importados atinge duramente a Stellantis, mais do que outras montadoras rivais.
Isso porque cerca de 35% das vendas da empresa nos Estados Unidos dependem de veículos produzidos fora do país, especialmente no Canadá e no México.
Entre os modelos mais impactados estão o Chrysler Pacifica e o Dodge Charger Daytona, ambos montados na fábrica de Windsor, no Canadá.
Já no México, a unidade de Toluca é responsável pela produção do Jeep Compass e do novo Wagoneer S elétrico. Além disso, a planta de Saltillo fabrica as versões pesadas da picape Ram — todas diretamente afetadas pelas novas tarifas.
O impacto vai além das tarifas. A Stellantis também sofre com queda nas vendas nos EUA e, segundo Hummel, enfrenta grandes dificuldades para recuperar participação de mercado.
Com a demanda esfriando, a projeção é de um cenário mais sombrio, com possível geração negativa de caixa e perda de rentabilidade no curto prazo.
Apesar da avaliação negativa do UBS, o mercado reagiu de maneira contraintuitiva: as ações da Stellantis fecharam o dia com alta de 5,64%, cotadas a US$ 9,37, desempenho ligeiramente abaixo da Ford, que subiu 4,07% e encerrou o pregão a US$ 9,71.
Ainda assim, o rebaixamento do UBS é mais um sinal de alerta em uma semana agitada para o setor.
A incerteza cresce especialmente após declarações do ex-presidente Donald Trump, que indicou a possibilidade de suspender a tarifa de 25% — exatamente no momento em que as montadoras começavam a se preparar para absorver os efeitos da medida.
No caso da Stellantis, o problema é duplo: depende fortemente de importações e enfrenta dificuldades para se firmar em um mercado cada vez mais competitivo e com consumidores cautelosos.
A situação se agrava com a paralisação temporária de fábricas no Canadá e no México, impactando diretamente a oferta de produtos no principal mercado da companhia.
A curto prazo, a Stellantis terá que decidir entre arcar com os custos da tarifa, repassar os aumentos ao consumidor (o que pode afetar ainda mais as vendas) ou reorganizar sua cadeia de produção — um desafio logístico e financeiro de grande porte.
Enquanto isso, investidores e analistas seguem atentos, esperando os próximos capítulos desse embate entre protecionismo e globalização no setor automotivo.
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