Malta, um pequeno arquipélago no Mediterrâneo, com menos de 564 mil habitantes, pode não parecer um mercado atraente para uma marca automotiva.
Conhecida como destino turístico ensolarado, o país registrou apenas 7.200 novos carros no ano passado, uma fração do que é vendido em um único dia nos EUA. No entanto, isso não impediu a gigante chinesa de veículos elétricos BYD de apostar nesse mercado.
No outono passado, a BYD começou a vender o Atto 3 em Malta, um crossover compacto totalmente elétrico. Embora externamente semelhante a outros SUVs, seu interior impressiona com assentos aquecidos em couro vegano e uma tela sensível ao toque que gira 360 graus.
Com uma bateria de 60 kWh, o Atto 3 oferece uma autonomia de cerca de 420 km, o suficiente para dar duas voltas na ilha principal. E o preço também é competitivo para os padrões europeus: cerca de 28 mil dólares.
A decisão da BYD de entrar em Malta, apesar de ser o menor estado-membro da União Europeia, segue sua estratégia de conquistar mercados emergentes e países sem uma indústria automotiva consolidada.
Como explica Yu Zhang, diretor da AutoForesight, em entrevista para o site Bloomberg, “mercados pequenos somados representam milhões de carros.”
Nos últimos três anos, a BYD aumentou suas vendas anuais na China em 15 vezes, atingindo 3 milhões de veículos. Agora, a empresa exporta para cerca de 95 mercados e continua expandindo, com planos para fábricas em dez países de três continentes.
Essa rápida expansão surpreendeu a indústria automotiva global, levando a imposição de tarifas protecionistas nos EUA e na UE, que temem que empresas chinesas, como a BYD, prejudiquem suas montadoras locais.
Em 2023, a BYD ultrapassou a Tesla brevemente como a maior vendedora mundial de veículos elétricos puros.
A trajetória da BYD lembra o crescimento de marcas como Toyota e Hyundai, que começaram com carros baratos, mas, com políticas industriais robustas e fabricação eficiente, avançaram para modelos mais sofisticados.
Agora, com seu forte impulso global, a BYD enfrenta um cenário de hostilidade política, especialmente nos EUA, onde o governo Biden impôs tarifas de 100% sobre EVs chineses e levantou preocupações de segurança cibernética em veículos conectados fabricados na China.
A União Europeia também impôs tarifas de 17% sobre os veículos da BYD, parte de uma investigação sobre subsídios da indústria automotiva chinesa.
Apesar das críticas, os executivos da BYD afirmam que seu sucesso se deve ao compromisso com a inovação tecnológica e com o combate às mudanças climáticas, além de produzir veículos elétricos acessíveis para as massas.
A vice-presidente executiva da BYD, Stella Li, reforça que a empresa quer ser vista como uma “pioneira tecnológica” e não apenas como uma fabricante chinesa.
Ela acrescenta que o objetivo é que os consumidores se relacionem com os produtos da BYD como parte de suas vidas, sem se preocupar com a origem dos veículos.
A rápida expansão global da BYD, com presença em mercados como Brasil e México, exemplifica sua estratégia de adaptação local. Em ambos os países, a empresa investiu em fábricas e parcerias para introduzir seus veículos elétricos, enquanto se posiciona como líder no fornecimento de tecnologias limpas e eficientes.
Aqui no Brasil, sabemos que a BYD já é uma das principais vendedoras de veículos elétricos, impulsionada por campanhas publicitárias e parcerias estratégicas, como a reabertura da antiga fábrica da Ford para produzir até 150 mil carros por ano.
Com essa abordagem agressiva, a BYD continua a desafiar montadoras tradicionais ao redor do mundo. A capacidade de fabricar internamente 75% dos componentes de seus veículos, combinada com a produção eficiente de baterias, dá à empresa uma vantagem de 25% em custos sobre suas concorrentes ocidentais.
Além disso, sua constante inovação, como o desenvolvimento da bateria Blade em 2020 e a introdução de veículos luxuosos, como o supercarro Yangwang U9, mostra que a empresa está preparada para continuar surpreendendo e expandindo sua presença global.
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