A China vive hoje com uma guerra e não é aquela comercial com os EUA. Ela está sendo travada dentro de seu próprio mercado automotivo e as trincheiras vão até a faixa dos 300.000 yuans, que seria aqui como a barreira dos R$ 100.000, digamos assim.

Até essa faixa de preço, subsídios são dados para os carros eletrificados e toda sorte de produto existe desde os minicarros urbanos, como o Wuling Mini EV até modelos das chamadas greentechs.

Com tanta gente querendo um lugar ao sol, a guerra de preços se tornou inevitável e ela está ruindo com muitos fabricantes, já que para atrair os clientes, é preciso baixar preços.

Diante disso, quem mais está perdendo terreno são as marcas estrangeiras, enquanto as chinesas buscam compensar o fardo desse conflito indo para outros mercados, em especial a Europa, mas como lá a massa imigrante está restrita, sobraram lugares como o Brasil.

Mas, de volta ao teatro de operações da China, as montadoras de fora estão em queda livre há algum tempo. Um relatório anual sabiamente intitulado Car Wars, de John Murphy, analista do Bank of America, instou Ford, GM e Stellantis a colocarem os arqueiros à frente da infantaria e dar meia-volta.

No relatório publicado pela Reuters, Murphy recomenda as Big Three “sair da China o mais rápido possível”. Em sua análise, as três montadoras americanas deveriam se retirar de lá para cortar custos e reverter investimentos para carros elétricos, por meio de uma transição mais suave.

Para Murphy, a retirada da China significaria pode competir melhor com a Tesla e, naturalmente, bater de frente com os chineses em pé de igualdade fora de lá. Ele diz que o processo é “realmente um remédio difícil”, já que também tiraria dinheiro de carros a combustão.

Além de afirmar que “a China não é mais essencial para GM, Ford ou Stellantis”, o analista do Bank of America também diz que a Tesla consegue uma economia de US$ 17.000 em peças por carro elétrico na China em relação às grandes de Detroit.

O analista diz que é impossível para Ford, GM e Stellantis competirem com a Tesla na China. Isso, naturalmente, sem contar as marcas chinesas de renome, como BYD, Geely, GWM, Chery e por aí vai.

John Murphy afirma que “sair da China de um ponto de vista puramente de lucro e estratégico, faz sentido se concentrar em onde você está ganhando dinheiro, as picapes norte-americanas”. Só a GM caiu 9% em 2023 e até maio, desceu mais 5%.