
A Porsche anunciou nesta segunda-feira (25) que está encerrando seu ambicioso projeto de fabricar baterias próprias, em um duro golpe para a estratégia de eletrificação da marca e para a indústria europeia que busca reduzir a dependência da Ásia nesse setor.
A decisão vem após as vendas de veículos elétricos caírem abaixo do esperado nos dois maiores mercados mundiais: China e Estados Unidos.
O projeto, batizado de Cellforce, foi lançado em 2021 com grande alarde pelo CEO Oliver Blume, que à época prometia colocar a Porsche na vanguarda da tecnologia de baterias.
Três anos depois, a realidade forçou um recuo: “As condições globais tornaram o projeto inviável economicamente”, afirmou Blume, que também lidera a Volkswagen desde 2022 e vem conduzindo uma ampla reestruturação do grupo.
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Apesar do bom desempenho da marca na Europa — onde 57% dos veículos entregues no primeiro semestre são eletrificados — o cenário nos EUA e na China é desanimador.

O mercado americano foi fortemente afetado pelas tarifas comerciais impostas pelo ex-presidente Donald Trump, enquanto o segmento de EVs de luxo ainda não ganhou tração no mercado chinês.
Com o recuo, a Porsche deve cortar cerca de 200 postos de trabalho na Cellforce, sediada na cidade de Kirchentellinsfurt, Alemanha.
A empresa afirma que os funcionários impactados terão oportunidades em outras áreas do grupo, especialmente na PowerCo, a divisão de baterias da Volkswagen.
A marca ainda insiste que a eletrificação continua sendo “essencial” para o seu futuro, mas reconhece que, sem escala global suficiente, a produção interna de baterias deixou de fazer sentido financeiro.

Segundo Michael Steiner, membro do conselho da Porsche responsável por pesquisa e desenvolvimento, o projeto Cellforce continuará existindo, mas com foco restrito à pesquisa de novas tecnologias para células de bateria — e não mais na produção em larga escala.
O recuo acende um alerta sobre os desafios que marcas de alto padrão enfrentam na transição para o carro elétrico. Sem volume de vendas suficiente fora da Europa, manter operações próprias de produção de baterias se tornou um luxo insustentável.
Além disso, o episódio reforça as dificuldades da indústria automotiva europeia em estabelecer uma cadeia de fornecimento de baterias verdadeiramente competitiva frente ao domínio asiático, principalmente chinês e coreano.
A Porsche, que sonhava liderar esse movimento, agora assume um papel mais modesto — ao menos por enquanto — na corrida global pela eletrificação.
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