
A Porsche deu mais um passo atrás na sua estratégia de eletrificação total.
A marca alemã, que até pouco tempo prometia margens maiores com veículos elétricos, suspendeu o lançamento de um novo SUV elétrico de luxo e adiou outros modelos a bateria.
No lugar disso, pretende manter por mais tempo versões híbridas e a combustão de modelos como o Cayenne e o Panamera.
A mudança de direção não é exclusiva da Porsche, segundo reportagem da Bloomberg.
Veja também
Diversas marcas premium estão enfrentando dificuldades para convencer seus clientes mais ricos a abandonar os motores tradicionais em favor de opções elétricas — mesmo após investimentos bilionários no desenvolvimento de novas plataformas.

Na prática, o entusiasmo dos consumidores não acompanhou o otimismo das fabricantes.
O Taycan, primeiro elétrico da Porsche, chegou a superar o lendário 911 em vendas em 2021. Mas problemas com alcance de bateria, falhas de software e queda acentuada no valor de revenda fizeram a demanda despencar.
Hoje, o retorno financeiro da linha elétrica da Porsche está muito abaixo do esperado, com margem projetada de apenas 2% para este ano — distante dos mais de 20% prometidos no IPO da empresa, em 2022.
O caso da Porsche se repete em outras marcas. A Mercedes-Benz enfrenta vendas fracas do EQS, seu sedã elétrico de mais de 110 mil euros.

Já a Audi vê sua participação encolher na China, onde rivais locais como BYD e Xiaomi oferecem EVs completos por preços mais agressivos.
Até a Maserati cancelou o desenvolvimento de um superesportivo elétrico, citando ausência de mercado real para o produto.
Entre os motivos para esse cenário, estão a infraestrutura de recarga ainda limitada, problemas com softwares em modelos iniciais e a falta de apelo emocional dos elétricos.
“Muitos clientes ainda são apaixonados por motores V8 ou V12. O som e a personalidade desses carros fazem parte da experiência”, explicou Tom Jaconelli, diretor da revenda britânica Romans International.
No segmento premium, a BMW tem se saído melhor. Com uma estratégia flexível, produzindo modelos a combustão, híbridos e elétricos na mesma linha, a empresa conseguiu ampliar as entregas de EVs em 16% no primeiro semestre.

Mesmo assim, a própria BMW precisou aplicar descontos em seus modelos topo de linha elétricos na Europa, enquanto vê a demanda por versões elétricas do Série 5, X5 e Série 7 cair na China.
Para tentar contornar a crise, montadoras voltaram a investir em modelos com motores térmicos, híbridos plug-in e até versões exclusivas a combustão de alto valor agregado.
A Ferrari, por exemplo, prepara seu primeiro modelo 100% elétrico, mas com promessa de manter as emoções típicas da marca italiana.
Analistas apontam que o verdadeiro desafio das montadoras não está apenas em entregar bons elétricos, mas em torná-los emocionantes.
“Na era elétrica, tudo começa a parecer igual. O desafio agora é criar desejo”, resume Sam Livingstone, consultor da Car Design Research, no Reino Unido.
Pelo visto, ainda há um longo caminho até que o luxo elétrico se torne irresistível.
📲 Receba as notícias do Notícias Automotivas em tempo real!Entre agora em nossos canais e não perca nenhuma novidade:
✅ Canal do WhatsApp📡 Canal do Telegram
📰 Siga nosso site no Google Notícias