Postagem da CEO da Daimler vira polêmica: discurso pró-hidrogênio é questionado por dados e rivais

ceo daimler karin radstrom
ceo daimler karin radstrom

Em um movimento surpreendente, a CEO da Daimler Truck AG, Karin Rådström, usou sua conta no LinkedIn para defender com entusiasmo o uso de hidrogênio em caminhões pesados, descrevendo a tecnologia como “emocionante” e “inspiradora”.

Mas o que chamou mesmo a atenção do setor não foi o discurso em si, e sim o fato de que os números não acompanham a empolgação: os caminhões a hidrogênio da Daimler estão mais de 100 milhões de milhas atrás dos elétricos da Volvo .

No começo de setembro, a Daimler havia divulgado um comunicado comemorando que seus caminhões a célula de combustível percorreram 225 mil quilômetros em operações reais.

Apesar do tom celebratório, a marca foi ignorada por veículos especializados — e com razão.

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Para efeito de comparação, um único Ford Mustang Mach-E já percorreu, sozinho, mais quilômetros do que toda a frota de hidrogênio da Daimler.

mercedes caminhoes eletricos (1)
mercedes caminhoes eletricos (1)

Enquanto isso, concorrentes como Volvo, Renault e até fabricantes menores como a Motiv acumulam milhões de quilômetros rodados exclusivamente com modelos elétricos.

Para piorar, o próprio CEO da MAN Truck, Alexander Vlaskamp, declarou publicamente que o hidrogênio não tem condições de competir com baterias em termos de viabilidade para transporte pesado.

Apesar de tudo isso, Rådström insistiu na importância do hidrogênio como parte da solução climática para a Europa.

Em seu post, ela argumenta que a infraestrutura elétrica necessária para carregar 6 milhões de caminhões no continente seria extremamente cara e demorada para implementar.

Em contrapartida, ela afirma que seria mais simples construir 2 mil postos de abastecimento de hidrogênio sem necessidade de conexão direta com a rede elétrica.

mercedes caminhoes eletricos (2)
mercedes caminhoes eletricos (2)

A executiva também destacou que a Europa dependerá de energia importada nos próximos anos, e que o hidrogênio líquido vindo do Norte da África ou do Oriente Médio pode ser uma alternativa mais eficiente do que converter essa energia em eletricidade.

Além disso, ela defende que alguns perfis de uso de clientes exigem maior autonomia e capacidade de carga — onde o hidrogênio teria vantagem sobre baterias.

O discurso, no entanto, levantou ceticismo. Muitos lembraram que a Daimler recebeu recentemente 226 milhões de euros em subsídios do governo alemão para desenvolver uma pequena frota de 100 caminhões a hidrogênio.

A crítica principal é que a defesa da tecnologia pode estar mais relacionada à manutenção desses financiamentos do que a uma real crença na superioridade do hidrogênio.

Mesmo os próprios modelos elétricos da Daimler, como o eActros, estão apresentando desempenho superior em comparação aos caminhões movidos a célula de combustível.

A insistência da marca em manter os dois caminhos paralelos, mesmo com a indústria claramente apontando para a eletrificação total, pode acabar deixando a montadora para trás em uma corrida que exige decisões mais ágeis e tecnicamente embasadas.

Enquanto a CEO fala em “parar com o debate do ou” e abraçar soluções complementares, os números mostram que, por enquanto, o hidrogênio está muito mais distante do que seus defensores gostariam de admitir.

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Autor: Eber do Carmo

Fundador do Notícias Automotivas, com atuação por três décadas no segmento automotivo, tem 20 anos de experiência como jornalista automotivo no Notícias Automotivas, desde que criou o site em 2005. Anteriormente trabalhou em empresas automotivas, nos segmentos de personalização e áudio.


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