
Em uma época em que grandes redes tomam conta dos postos de estrada, um oásis para caminhoneiros segue resistindo, servindo comida caseira, oferecendo conforto e mantendo viva a tradição das paradas familiares que marcaram gerações.
Localizado em Iowa, Estados Unidos, o Iowa 80 é mais do que um posto: é praticamente uma cidade feita sob medida para quem vive na boleia.
Com 900 vagas exclusivas para caminhões, o complexo tem restaurante com buffet 24 horas, cinema, dentista, capela, lavanderia, salão de beleza, área de descanso e até um museu com mais de 130 caminhões antigos.
Por ano, são servidas cerca de 350 mil refeições, muitas delas preparadas na hora por uma equipe que funciona em revezamento ininterrupto.
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(Veja também o maior posto do mundo, com 120 bombas e 350 funcionários.)

Em um único dia, o local pode receber mais de 600 pessoas, principalmente motoristas profissionais que cruzam o país por meses.
O café da manhã é um dos momentos mais movimentados, com panquecas, bacon e ovos sendo preparados em ritmo acelerado, quase coreografado.
A cozinha já consumiu mais de 10 toneladas de bacon e cerca de 23 milhões de ovos desde sua inauguração em 1964.
Boa parte do cardápio é feita do zero, como o molho ranch, que leva 60 litros de maionese e seis galões de buttermilk, ou o famoso meatloaf, baseado na receita original da família fundadora.

Mesmo sendo um posto gigantesco, a operação continua familiar.
A neta do fundador atua na gestão e mantém a filosofia de que os caminhoneiros devem resolver tudo ali, para que possam aproveitar o tempo livre com a família quando estão em casa.
Enquanto isso, a poucas horas dali, outro pedaço da história luta para não desaparecer.
O Reeden Island Corner, um dos primeiros postos de estrada dos EUA, nasceu na década de 1920 no cruzamento das antigas Lincoln e Jefferson Highways.
Ali funcionava um posto de gasolina, uma lanchonete e cabanas para pernoite, com refeições simples como sanduíches de carne e tortas feitas à mão.
Com o desvio das rodovias interestaduais na década de 1960, o fluxo de viajantes desapareceu, e o local foi fechado por décadas.
Recentemente, a cidade de Colo tentou restaurar o espaço, mas sem retorno financeiro, resolveu repassá-lo.
Agora, um grupo de moradores tenta preservar o patrimônio, levantar recursos e manter vivo um símbolo da história rodoviária americana.

A cozinheira-chefe do café, por exemplo, ainda prepara tortas de sabores inusitados como rum com uva-passa, usando formas antigas e receitas herdadas da avó.
Mesmo enfrentando alta nos preços dos insumos, o restaurante só reajustou os valores uma vez em 20 anos.
Para muitos motoristas, parar ali é voltar no tempo.
As porções generosas de purê com molho, frango frito e sanduíches de tenderloin são servidas com um toque de nostalgia e muito carinho.
Enquanto grandes redes como TA e Pilot tomam conta do setor, o Iowa 80 segue como uma exceção bem-sucedida.
Embora tenha se tornado uma franquia da TA em sua área de abastecimento, o restante da operação permanece sob controle da família.
Ao longo de seis décadas, o espaço foi reformado 33 vezes para se adaptar à demanda crescente, sem perder sua essência.
A importância de paradas como essas vai além da alimentação.
Com jornadas que ultrapassam 11 horas por dia, os caminhoneiros encontram nesses locais não só refeições quentes, mas dignidade, acolhimento e uma pausa merecida.
Cerca de 70% de tudo que circula nos Estados Unidos é transportado por caminhões, o que representa um volume de R$ 65 trilhões por ano.
Apesar disso, a vida dos caminhoneiros é difícil e solitária.
A taxa de rotatividade no setor ultrapassa 90% ao ano, em parte devido a salários baixos, falta de benefícios e respeito por parte das empresas.
Aqueles que têm seus próprios caminhões, como Lisa Otto, enfrentam os altos custos da operação, mas ganham liberdade para escolher onde parar.
Lisa, com 3 milhões de milhas rodadas e mais de 20 anos de experiência, adaptou seu caminhão para ser sua casa.
Outros motoristas compartilham as viagens com colegas, como Preston e Blue, que se revezam ao volante e formaram uma parceria após enfrentarem tragédias pessoais.
Para eles, um truck stop completo é mais do que um serviço: é um alívio emocional.
Esses espaços oferecem aquilo que qualquer trabalhador deseja no fim do dia — comida quente, banho, um pouco de lazer e, sobretudo, respeito.
Entre o ronco dos motores e o cheiro de café fresco, postos como o Iowa 80 e o Reeden Island Corner seguem firmes, como faróis na imensidão das estradas.
Mesmo ameaçados por grandes corporações e pela modernização acelerada, eles resistem como testemunhos de uma era em que cada parada contava uma história.
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