A Volkswagen parece finalmente reconhecer que, em nome da “modernidade”, foi longe demais ao eliminar botões físicos de seus carros e substituí-los por comandos táteis e menus confusos.
A marca alemã passou os últimos anos insistindo em sliders sensíveis ao toque e painéis 100% digitais, especialmente nos modelos elétricos ID.3, ID.4 e até mesmo no icônico Golf GTI.
A recepção? Um desastre entre motoristas europeus e norte-americanos, e por aqui muita gente também está sempre reclamando dos novos controles de ar-condicionado dos modelos da marca, por exemplo.
Mas o cenário na China é completamente diferente.
Segundo Ralf Brandstätter, membro do conselho da Volkswagen AG na China, os consumidores chineses estão encantados com comandos por voz, painéis ultraconectados e cockpits digitais sem qualquer botão físico à vista.
Isso se explica, em parte, pelo perfil desses compradores: na média, têm menos de 35 anos e foram criados em um mundo dominado por telas e interfaces digitais.
Já na Europa e nos Estados Unidos, o consumidor típico de carros elétricos é 20 anos mais velho e valoriza mais a ergonomia tradicional e a confiabilidade dos bons e velhos botões físicos.
A crítica principal aos controles táteis não está ligada à idade, mas sim à usabilidade.
Muitos motoristas relatam que ajustar o ar-condicionado ou o volume do som exige tanta atenção que só é possível com o carro parado – um retrocesso perigoso em termos de segurança.
Essa percepção é reforçada por declarações de executivos da própria Volkswagen.
Em 2021, Hein Schafer, então VP de marketing da VW nos EUA, já admitia que o público norte-americano detestava os sliders e menus sensíveis, mas culpava a preferência dos europeus como obstáculo para mudar a estratégia.
Agora, Brandstätter diz o oposto: são justamente os europeus que têm dificuldade de adaptação.
Felizmente, a VW está corrigindo o curso. O novo Tiguan, por exemplo, traz um seletor multifuncional físico no console central que permite controlar o volume, o modo de condução e até a iluminação ambiente – tudo de maneira intuitiva e sem distrações.
Além disso, os volantes com botões sensíveis ao toque estão sendo eliminados, com exceção do Golf R, que segue resistente à mudança.
A expectativa agora é que os sliders para o ar-condicionado sejam os próximos a sumir do mapa, permitindo que os carros da Volkswagen voltem a ter a combinação que sempre agradou: tecnologia sim, mas com bom senso e usabilidade.
Se há algo que a marca parece ter aprendido é que nem tudo que é digital é melhor – e que, às vezes, o futuro precisa dar uma olhadinha no passado para acertar a mão.

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