
Depois de meses sendo celebrada por sua ousada entrada no setor automotivo, a Xiaomi agora enfrenta sua primeira grande crise como fabricante de carros.
Um acidente fatal envolvendo o sedã elétrico SU7 resultou na morte de três pessoas e jogou um balde de água fria sobre as ambições da gigante chinesa, além de reacender o debate sobre os riscos dos sistemas de assistência à condução avançada.
O acidente ocorreu em 29 de março, em um trecho da rodovia Dezhou–Shangrao, na província de Anhui, China.
O SU7 seguia a uma velocidade constante de 116 km/h com o sistema Navigate on Autopilot (NOA) ativado — tecnologia semelhante à que a Tesla oferece em seus modelos.
Quando o veículo se aproximou de uma área de obras com uma faixa interditada, colidiu com uma barreira de concreto a 97 km/h. O impacto foi tão forte que o carro pegou fogo e acabou completamente destruído pelas chamas.

Nenhum dos três ocupantes sobreviveu.
Logo após o acidente, a Xiaomi divulgou um cronograma detalhado dos segundos que antecederam a colisão. Às 22h44min24s, o sistema NOA emitiu um alerta de “obstáculo à frente” e iniciou a frenagem automaticamente.
Um segundo depois, o motorista assumiu o controle, virando o volante 22 graus para a esquerda e aplicando 31% de pressão no freio.
No segundo seguinte, corrigiu ligeiramente para a direita e aumentou a frenagem para 38%. Apesar das manobras, o veículo colidiu com a barreira e foi rapidamente envolvido pelo fogo.
O sistema de emergência eCall foi acionado imediatamente após o impacto. Dentro de 20 segundos, o proprietário registrado do carro foi contatado, confirmando que não estava dirigindo no momento.

A ambulância chegou ao local por volta das 23h, mas os três ocupantes já estavam mortos.
O acidente levanta sérias questões sobre a eficácia do sistema NOA e, principalmente, sobre a segurança do veículo em situações de impacto.
De acordo com o jornal Economic Observer, o pai de uma das vítimas relatou ter sido informado pela polícia de que a chave do carro falhou ao tentar destravar as portas após o choque.
A Xiaomi, em resposta, afirmou que ainda não conseguiu confirmar se os ocupantes conseguiram ou não sair do carro antes do incêndio.
As repercussões foram imediatas. As ações da Xiaomi caíram 5% após a notícia do acidente, e o CEO da empresa, Lei Jun, declarou publicamente que a Xiaomi irá cooperar totalmente com as autoridades e “responder às preocupações das famílias e da sociedade”.

Com a Xiaomi recém-lançada no segmento automotivo e com ambições de superar marcas alemãs no mercado chinês, este acidente representa um momento crítico para a credibilidade da empresa como fabricante de veículos.
Além das investigações técnicas, a tragédia reforça a importância de políticas rigorosas de segurança para sistemas semiautônomos, especialmente em um momento em que o entusiasmo pela automação precisa ser equilibrado com responsabilidade e transparência.

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