
A tão celebrada economia dos carros elétricos pode estar com os dias contados no Reino Unido.
Isso porque o novo governo trabalhista, liderado pela chanceler Rachel Reeves, estuda implementar uma cobrança por quilômetro rodado especificamente para os proprietários de veículos elétricos.
A medida, ainda não oficial, foi antecipada pelo jornal The Daily Telegraph e já causa desconforto entre consumidores e representantes da indústria automotiva britânica.
Segundo as informações divulgadas, a nova taxa seria de cerca de £0,03 por milha (algo próximo a R$ 0,20 por quilômetro), o que resultaria em um custo adicional de aproximadamente £240 (cerca de R$ 1.570) por ano para quem dirige 8 mil milhas anuais — o equivalente a cerca de 12.900 km.
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A justificativa do governo é simples: com a queda na arrecadação proveniente dos combustíveis fósseis, impulsionada pelo crescimento da frota elétrica, os cofres públicos começaram a sentir o impacto.
A proposta serviria para “tapar o buraco” deixado pelos bilhões que antes entravam via imposto sobre combustíveis.
Mas a novidade não para por aí. Desde este ano de 2025, donos de EVs no Reino Unido já passaram a pagar o tradicional Vehicle Excise Duty (equivalente ao IPVA britânico), antes restrito a veículos a combustão.
Isso significa que um proprietário de carro elétrico, que até 2024 não pagava imposto para circular, poderá desembolsar cerca de £435 (mais de R$ 2.800) a partir de 2028.
Enquanto o governo tenta amenizar o impacto afirmando que motoristas de carros a gasolina ou diesel ainda pagam mais — cerca de £600 por ano em impostos sobre combustíveis —, o setor automotivo não está convencido.
A Sociedade dos Fabricantes e Comerciantes de Automóveis (SMMT) classificou a proposta como “a medida errada na hora errada”.
Segundo a entidade, a nova taxa pode afastar consumidores no momento em que o Reino Unido precisa acelerar a transição para veículos de emissão zero e cumprir metas ambientais ambiciosas.
Além disso, o risco de prejudicar a atratividade do país para investimentos no setor automotivo é real, especialmente num contexto de alta competitividade global por fábricas e centros de P&D voltados à eletrificação.
Outro ponto polêmico é como essa taxa seria aplicada. Informações preliminares indicam que os motoristas teriam que informar voluntariamente a quilometragem prevista para o ano seguinte.
Ao final do período, se tiverem rodado menos, receberiam reembolso; se excederem, teriam que pagar a diferença. A ausência de um sistema eletrônico de controle levanta dúvidas sobre a eficácia e a justiça da cobrança.
Se por um lado o governo tenta equilibrar as contas públicas, por outro, corre o risco de minar a confiança do consumidor justamente no momento em que os elétricos começavam a ganhar tração no país.
Vale lembrar que, em contrapartida, a nova administração também anunciou recentemente o retorno dos incentivos para compra de carros elétricos — com descontos de até £3.750, desde que o veículo não ultrapasse um determinado teto de preço.
Em meio a tantos avanços e retrocessos, uma coisa é certa: a transição elétrica no Reino Unido pode se tornar bem mais cara — e burocrática — do que os motoristas imaginavam.
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