Quase todas as montadoras vendem dados coletados a respeito dos motoristas e seus hábitos de direção

jeep spam na multimidia
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A maioria dos carros fabricados nos últimos cinco anos coleta uma grande quantidade de dados sobre a forma como são dirigidos, incluindo acelerações, frenagens bruscas e curvas acentuadas.

No entanto, muitos motoristas desconhecem que essas informações estão sendo armazenadas, muito menos para onde elas vão ou como são usadas.

A General Motors, por exemplo, foi penalizada em janeiro por supostamente coletar e vender dados de direção dos clientes sem seu conhecimento ou permissão através do programa Smart Driver.

A Comissão Federal de Comércio (FTC) proibiu a montadora de vender esses dados para agências de crédito, como Experian, Equifax e TransUnion, por cinco anos.

No entanto, uma investigação da Consumer Reports revelou que praticamente todas as montadoras que atuam nos Estados Unidos estão coletando e compartilhando dados de comportamento de direção com terceiros.

Como os dados dos motoristas são usados

Os dados coletados pelos carros modernos podem influenciar diretamente os preços do seguro e as condições de financiamento oferecidas aos motoristas.

Isso porque diversas seguradoras e instituições financeiras utilizam essas informações para calcular riscos e definir preços.

Para investigar essa prática, a Consumer Reports analisou milhares de páginas de políticas de privacidade de 15 montadoras, incluindo BMW, Ford, General Motors, Honda, Hyundai, Kia, Mazda, Mercedes-Benz, Mitsubishi, Nissan, Stellantis, Subaru, Tesla, Toyota e Volkswagen.

Além disso, a entidade entrevistou especialistas em privacidade e estudou relatórios de empresas de tecnologia e corretores de dados que trabalham com o setor de seguros.

O levantamento apontou que muitas montadoras obtêm a “permissão” dos motoristas para coletar esses dados, mas de uma forma pouco transparente.

Por exemplo, ao comprar um carro novo, os motoristas geralmente precisam aceitar termos de privacidade exibidos na tela do sistema de entretenimento ou em aplicativos conectados ao veículo.

Muitas pessoas simplesmente aceitam sem ler, sem saber que estão autorizando a coleta e o compartilhamento de suas informações.

De acordo com Justin Brookman, diretor de tecnologia da Consumer Reports, essa prática não é um consentimento real.

“Dados sobre como e onde você dirige são informações pessoais e sensíveis. As empresas só deveriam coletá-los quando necessário para um serviço que o consumidor solicitou.

Enterrar essas informações em contratos legais ou escondê-las onde os motoristas não vão notar não é uma forma legítima de obter consentimento”, afirmou.

Quem tem acesso aos dados de direção?

Os dados de comportamento ao volante acabam nas mãos de várias empresas, incluindo seguradoras, credores financeiros, empresas de tecnologia que vendem produtos de entretenimento automotivo e até agências governamentais que estudam trânsito e segurança viária.

Um exemplo é o aplicativo Road Assist+ da Mitsubishi, que oferece assistência em emergências na estrada e é desenvolvido em parceria com a LexisNexis Risk Solutions, uma das maiores empresas de dados dos Estados Unidos.

A LexisNexis usa essas informações para alimentar um banco de dados que é acessado por seguradoras para definir preços de apólices com base no comportamento do motorista, incluindo frenagens bruscas e excesso de velocidade.

Já a Toyota afirma que não vende diretamente os dados de seus clientes para terceiros, mas reconhece que uma empresa afiliada, a Connected Analytic Services, pode vender essas informações para seguradoras mediante consentimento do usuário no aplicativo da montadora.

Especialistas alertam que há pouca transparência sobre quem acessa essas informações e como elas são usadas.

“Existe um oceano de dados flutuando por aí, e há pouquíssimas regulamentações sobre como e onde esses dados são compartilhados”, disse Michael DeLong, pesquisador da Consumer Federation of America.

Como os dados impactam os motoristas

Seguradoras e bancos utilizam as informações coletadas para calcular um “score do motorista”, semelhante a um score de crédito.

Motoristas que dirigem à noite ou moram em determinados bairros podem acabar pagando mais caro pelo seguro, mesmo que nunca tenham se envolvido em acidentes.

Atualmente, apenas Califórnia, Carolina do Norte e Rhode Island proíbem o uso desses dados para aumentar o preço do seguro. Nos demais estados, as seguradoras podem ajustar os valores de acordo com o perfil de condução registrado pelos veículos.

Algumas investigações recentes, como a conduzida pelo jornal The New York Times, mostraram que muitas empresas de tecnologia não informam corretamente aos usuários que seus dados estão sendo coletados e vendidos.

Em janeiro, o estado do Texas processou a Allstate e sua subsidiária Arity por supostamente coletar e vender dados de direção de mais de 45 milhões de americanos sem consentimento adequado.


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Autor: Eber do Carmo

Fundador do Notícias Automotivas, com atuação por três décadas no segmento automotivo, tem 20 anos de experiência como jornalista automotivo no Notícias Automotivas, desde que criou o site em 2005. Anteriormente trabalhou em empresas automotivas, nos segmentos de personalização e áudio.