
Quando a Stellantis anunciou com pompa e circunstância seu “EV Day” em julho de 2021, parecia que o conglomerado automotivo estava pronto para virar a chave e acelerar rumo ao futuro elétrico.
Foram mais de 30 bilhões de euros prometidos até 2025, quatro novas plataformas elétricas anunciadas e o compromisso de eletrificar cada uma das suas 14 marcas globais.
Mas, já em 2025 e com a metade da década batendo à porta, os resultados — pelo menos nos Estados Unidos — estão longe de impressionar.
A promessa era ambiciosa: até o fim da década, 70% das vendas na Europa e 40% nos EUA deveriam ser de veículos de “baixa emissão”, incluindo elétricos, híbridos e híbridos plug-in.

A ideia era padronizar motores elétricos, baterias com autonomia de até 800 km e até adotar baterias de estado sólido em 2026.
No papel, parecia um plano coeso. Na prática, a execução está aquém do esperado, especialmente entre marcas mais tradicionais do grupo.
A Jeep, por exemplo, é uma das poucas exceções. A marca norte-americana já vende versões híbridas plug-in populares do Wrangler e do Grand Cherokee, e finalmente lançou em 2024 seu primeiro EV puro, o Wagoneer S, com impressionantes 600 cv e 480 km de autonomia.
No entanto, o preço elevado — quase US$ 70 mil — limita seu apelo comercial. O aguardado Jeep Recon elétrico também está no radar, mas ainda sem data certa de lançamento.

Já a Dodge deu um passo ousado ao lançar o novo Charger elétrico, com desempenho superior às versões a combustão.
Mas o preço inicial de US$ 60 mil afastou compradores: as vendas caíram quase 50% no primeiro trimestre de 2025. Além disso, o único híbrido da marca é o Hornet R/T, basicamente um Alfa Romeo com logotipo trocado.
A Ram, conhecida por suas picapes robustas, é talvez a maior decepção.
O lançamento da 1500 REV elétrica foi adiado, e a única opção com tomada hoje é a cara (e pouco atrativa) van Promaster EV. O modelo Ramcharger, que mistura motor a combustão e tração elétrica, ainda está envolto em incertezas e sem preço anunciado.

Pior: o projeto da picape elétrica pesada foi cancelado.
A Chrysler, por sua vez, vive um limbo. Com apenas a minivan Pacifica plug-in no portfólio e o cancelamento do ousado conceito Airflow, a marca corre sério risco de ser descontinuada se nada mudar rapidamente.
Por outro lado, na Europa o cenário é bem mais positivo. Marcas como Opel, Vauxhall, Peugeot e Citroën já oferecem versões elétricas de praticamente todos os seus modelos.
A Opel, inclusive, entrega até carregador residencial, passe de recarga e assistência ao comprador de EV. A Fiat também honra sua promessa com o 500e, único carro que vende nos EUA, embora seu catálogo americano seja pífio diante da variedade europeia.

Lancia, embora limitada, lançou o novo Ypsilon elétrico com design ousado, enquanto a DS Automobiles tenta retomar o fôlego com o recém-apresentado DS N°8.
Já a Alfa Romeo e a Maserati seguem em marcha lenta: poucas opções eletrificadas e muitos atrasos, com projetos como o MC20 Folgore e o Quattroporte elétrico estacionados indefinidamente.
Com isso, a impressão é que a Stellantis, apesar de avançar bem na Europa, não tem conseguido cumprir a própria promessa nos Estados Unidos.
A eletrificação por lá é lenta, inconsistente e, em muitos casos, cara demais para conquistar volume.
O tempo está passando, e o mercado americano não vai esperar para sempre. Se quiser mesmo liderar o futuro elétrico, a Stellantis terá que acelerar — e muito.
[Fonte: Jalopnik]

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