
A estreia do novo Ford Mondeo 2026 na China foi ofuscada por uma onda de protestos organizada por proprietários de modelos anteriores, que acusam a montadora de negligência com problemas crônicos no sistema multimídia.
Mais de 360 donos de unidades fabricadas entre 2022 e 2025 se uniram em uma queixa coletiva, após anos de falhas constantes na central de bordo, descrita por muitos como “um tijolo inútil”.
Usuários relatam travamentos frequentes, reinicializações aleatórias e falhas na navegação e nos comandos de voz, especialmente em dias quentes.
Um dos casos mais graves envolveu o apagão completo da tela enquanto o motorista trafegava por uma rodovia, gerando preocupação com a segurança.
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A insatisfação gira em torno do chip Qualcomm 820A, considerado obsoleto, e da promessa não cumprida de atualizações remotas (OTA), que nunca chegaram aos modelos afetados.
Além disso, os carros não contam com recursos básicos como Apple CarPlay, Baidu CarLife ou Huawei HiCar, oferecendo apenas um aplicativo proprietário da Ford, que os clientes classificam como instável e limitado.
A Ford China foi procurada pela imprensa local e respondeu que os modelos antigos não poderão ser atualizados devido à diferença na configuração de hardware, citando preocupações com segurança e experiência do usuário.
Mas a resposta não acalmou os ânimos e o lançamento do novo Mondeo acabou cercado de críticas e comparações negativas.

Como se não bastasse o desgaste com o sedã, a Ford também enfrenta resistência com o recém-lançado Bronco PHEV, anunciado como SUV híbrido voltado ao público aventureiro.
O modelo, que custa entre R$ 160 mil e R$ 200 mil na conversão direta, foi acusado por especialistas de copiar visualmente o Jetour Traveller, SUV da chinesa Chery.
O design controverso e o marketing exagerado — que destaca funções como teto retrátil e cama embutida — também foram alvos de críticas, já que esses recursos só estão disponíveis como opcionais pagos.
A situação da montadora no mercado chinês é tão delicada que o próprio CEO da Ford China, Wu Shengbo, afirmou que a empresa “saiu da emergência, mas agora está na UTI”.
Os números confirmam o diagnóstico: após atingir 1,27 milhão de veículos vendidos em 2016, a marca encerrou 2024 com apenas 442 mil unidades — queda de mais de 65% em menos de uma década.
Entre 2017 e 2023, a Ford acumulou 28 trimestres consecutivos de prejuízo na China, só conseguindo voltar ao azul neste ano.
Grande parte da crise é atribuída à disputa interna entre suas duas joint ventures no país: Changan Ford, focada em veículos de passeio, e JMC Ford, tradicionalmente voltada ao segmento comercial.
Com a queda nas vendas, a Ford passou a transferir modelos de passeio para a JMC, criando uma sobreposição de produtos e canais que só agravou os problemas.
Para tentar reorganizar o caos, a empresa anunciou em setembro a criação de uma nova divisão 100% controlada pela matriz, com sede em Xangai, responsável por vendas e pós-venda de carros de passeio e picapes.
No entanto, os primeiros nove meses de 2025 mostram que a reformulação ainda não surtiu efeito: queda de 7,5% nas vendas da Changan Ford e de 33,8% na JMC Ford.
Sem um modelo de sucesso em carros elétricos ou híbridos plug-in, e diante da pressão das marcas locais, o caminho da Ford no maior mercado automotivo do mundo segue cada vez mais incerto.
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