A chinesa BYD alcançou um marco importante ao superar a Tesla em receita trimestral pela primeira vez desde que ambas começaram a competir no mercado global de veículos elétricos.
No trimestre encerrado em setembro, a BYD registrou uma receita de 201,1 bilhões de yuan (US$ 28,2 bilhões), um aumento de 24%. Embora esse valor tenha ficado abaixo das expectativas de analistas, superou os US$ 25,2 bilhões em vendas da Tesla no mesmo período.
O lucro líquido da BYD também cresceu 12%, atingindo um recorde de 11,6 bilhões de yuan, resultado impulsionado pela venda de 1,12 milhão de veículos elétricos e híbridos plug-in e por uma margem bruta de 21,9%. No entanto, a lucratividade da Tesla ainda é superior, com um lucro de US$ 2,2 bilhões no trimestre.
Nos primeiros nove meses do ano, a BYD acumulou um lucro líquido de 25,2 bilhões de yuan sobre uma receita de 502,3 bilhões de yuan, segundo publicação da Bloomberg.
Este desempenho sólido destaca a crescente ameaça que tanto BYD quanto Tesla representam para montadoras tradicionais como Volkswagen, Ford, Stellantis e General Motors, que enfrentam desafios para alcançar rentabilidade em suas transições para veículos elétricos.
Um dos fatores que ajudam a proteger a BYD contra a queda na demanda por veículos totalmente elétricos é sua forte linha de híbridos, que inclui modelos com autonomia de mais de 2.000 quilômetros.
Além disso, a vantagem da BYD está em sua cadeia de suprimentos verticalmente integrada, que reduz custos e facilita a produção em grande escala.
Enquanto isso, a Tesla enfrenta limitações em sua linha de veículos exclusivamente elétricos, que está ficando cada vez mais datada. A empresa tem focado em aumentar a produção da Cybertruck e expandir o uso do sistema de automação parcial conhecido como Full Self-Driving.
Apesar disso, a liderança da Tesla em vendas de veículos totalmente elétricos e seu potencial em IA consolidam sua posição como a montadora mais valiosa do mundo. A BYD, por sua vez, é a terceira, atrás da Toyota, mas à frente de Volkswagen, Mercedes e as três grandes de Detroit.
A BYD também se beneficiou da demanda interna na China, apoiada por subsídios nacionais e locais que incentivam os consumidores a trocarem carros a gasolina por EVs e híbridos.
Esses incentivos ajudaram a empresa a compensar a resistência enfrentada na expansão internacional, especialmente com a imposição de tarifas mais altas pela União Europeia, que chegam a 45% sobre EVs chineses, intensificando as tensões comerciais. Vale destacar que a BYD não vende carros de passeio nos EUA devido a tarifas elevadas.
As perspectivas para o último trimestre do ano são promissoras para a BYD, que se aproveita de sua posição de liderança em vendas na China, o maior mercado automotivo do mundo.
A temporada de compras de final de ano é tradicionalmente forte, e as agências governamentais foram instruídas a aumentar a aquisição de EVs.
Com um objetivo anual de vendas revisado para 4 milhões de veículos, a BYD já vendeu cerca de 2,74 milhões até setembro, e estimativas do Citibank apontam que a empresa pode alcançar vendas de até 500.000 veículos por mês em novembro.
As ações da BYD, listadas em Hong Kong, fecharam em queda de 0,7% em 30 de outubro, mas ainda registram um ganho acumulado de 38% no ano. Em comparação, as ações da Tesla subiram 7,1% em 2024.
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