
O governo do Reino Unido adotou uma medida polêmica e inédita: veículos elétricos fabricados com componentes chineses estão proibidos de estacionar próximos a determinadas bases militares e instalações sensíveis.
A decisão, segundo o jornal i Paper, foi motivada por receios de que os EVs possam ser usados como ferramentas de espionagem para coleta de dados.
A proibição abrange áreas estratégicas como a base da Força Aérea Real em Wyton, onde, de acordo com a publicação, os funcionários foram orientados a estacionar seus veículos a até três quilômetros de distância, caso seus carros apresentem risco potencial de coleta de dados.
A instalação abriga um importante centro de inteligência do Reino Unido e está alinhada ao programa de cooperação “Five Eyes”, que reúne agências de espionagem do Canadá, Austrália, Nova Zelândia, Estados Unidos e Reino Unido.
O ministro da Defesa, Vernon Coaker, comentou brevemente sobre o tema ao jornal, afirmando:
“Estamos cientes de que algumas organizações de defesa adotam exigências mais rigorosas em relação a veículos elétricos em determinados locais, mas não fornecemos detalhes por razões de segurança.”

O temor britânico se concentra nos sensores e sistemas de comunicação presentes em praticamente todos os EVs modernos.
Esses componentes são parte de sistemas legítimos como assistentes de condução e entretenimento, mas o governo teme que também possam ser usados para fins ocultos, como a coleta e envio de dados a entidades ligadas ao governo chinês.
Vale lembrar que, pela legislação da China, empresas sediadas no país são obrigadas a cooperar com as autoridades de inteligência em caso de solicitação.
O problema não se limita a veículos 100% chineses. Por conta da cadeia global de suprimentos, muitos carros fabricados fora da China também utilizam módulos ou chips provenientes de fornecedores chineses.
Com isso, o alcance da medida é bastante amplo e pode afetar modelos de marcas ocidentais que, mesmo fabricados na Europa ou nos EUA, incorporam peças de origem asiática.
Em locais como RAF Wyton, onde a sensibilidade da operação é máxima, a simples presença de um carro com potencial de rastreamento já representa risco.
Ao obrigar os funcionários a estacionar longe da base, o governo espera tirar os veículos suspeitos do “padrão” de deslocamento até a instalação, evitando que dados de geolocalização revelem a rotina ou a identidade dos profissionais envolvidos em atividades de inteligência.
Essa preocupação do Reino Unido não é isolada.
Nos Estados Unidos, por exemplo, a senadora Elissa Slotkin, ex-agente da CIA, apresentou recentemente um projeto de lei para proibir a entrada de carros fabricados na China, alegando riscos à segurança nacional.
Em sua fala ao apresentar a proposta, Slotkin foi enfática: “Eu me deitarei na fronteira para impedir que veículos chineses entrem no mercado americano.”
A decisão britânica mostra como o debate em torno de carros elétricos vai muito além da mobilidade sustentável. Em tempos de tensões geopolíticas e vigilância digital, até mesmo o carro que você dirige pode se tornar uma preocupação para a segurança nacional.

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