Renault Duster Dynamique 2.0 4×4: Bruto no off-road, com acabamento simples demais

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Em outubro, finalmente apareceu um rival à altura do Ford EcoSport no mercado nacional. Era o Renault Duster, aposta da marca francesa para manter o crescimento acentuado dos últimos tempos e, de quebra, aproveitar a boa lucratividade que um utilitário compacto oferece.

E ele já chegou fazendo barulho. Apenas dois meses de vendas foram suficientes para destronar o modelo da Ford da liderança do segmento. E um dos motivos para o sucesso instantâneo do Renault Duster foi exatamente a presença de uma configuração mais robusta do modelo.

Por isso, no topo da linha está uma versão com tração integral – é o único utilitário compacto a oferecer a opção atualmente –, que ajuda a dar mais um charme off-road a todos os Renault Duster.

Entretanto, mesmo com um carro mais moderno e equipado, o Renault Duster não conseguiu abrir grande vantagem em relação ao modelo da Ford.

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Em janeiro, os dois praticamente empataram, enquanto o EcoSport ficou à frente no mês seguinte. A explicação é simples: a marca norte-americana reagiu. E foi agressiva. Fez promoção atrás de promoção com preços mais baixos, novos equipamentos e melhores condições de pagamento.

Ou seja, aconteceu o esperado em uma situação dessas. Só que a reação da Ford não parou por aí. Ao ver as vendas caírem, em janeiro foi feito um evento para a apresentação de um protótipo – ainda em argila – da nova geração do SUV da Ford.

Evidentemente, muita gente interessada em um utilitário resolveu esperar para a novidade ser lançada. O problema é que a Ford não confirma a data.

Mesmo com a ação incomum da Ford, o Renault Duster superou as previsões da própria Renault, de 2.500 unidades mensais. A média depois de 4 meses fechados já supera os 2.800 carros emplacados, com um pico de 3.875 em novembro.

Nesse cenário, a versão testada, a topo de linha Dynamique 2.0 4X4 manual representa 8% do share, maior apenas que a de entrada – chamada apenas de Renault Duster.

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A principal razão para isso é o próprio preço. Afinal, R$ 66,1 mil não é exatamente o que pode se chamar de uma pechincha para um carro compacto. Ao menos, a lista de itens de série é recheada com ar-condicionado, direção hidráulica, airbag duplo, ABS, rádio/CD/MP3/USB/iPod/Aux com comandos na coluna de direção e trio elétrico.

Na linha 2013, que acaba de ser lançada, a Renault também incorporou o sensor de estacionamento traseiro. Os opcionais são escassos: apenas a pintura metálica e os bancos de couro.

Além dos equipamentos, a ficha técnica também tenta justificar o preço desta configuração do Renault Duster. O motor, por exemplo, é um 2.0 flex de 142 cv e 20,9 kgfm com etanol. Essa unidade é a mesma que equipava o médio Megane, mas atualizado – a perua Megane GT ainda é vendida, mas com motor 1.6.

A tração tem três opções de utilização: dianteira, automático – que distribui a força entre os eixos dependendo da necessidade – e lock – que dá 50% de força para cada eixo. Para o Renault Duster 4×4, a Renault trouxe um exclusivo câmbio manual de seis velocidades.

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Esta versão também recebe melhorias significativas na suspensão traseira. Sai de cena a semi-independente com barra estabilizadora para a entrada de uma independente do tipo multilink, bem mais refinada. Mudanças que, definitivamente, dão uma força extra ao Renault Duster – em todos os sentidos.

Ponto a ponto

Desempenho – Não falta força para o motor 2.0 do Duster. O torque de 20,9 kgfm com etanol é suficiente para mover com alguma destreza os mais de 1.300 kg do utilitário paranaense. E não há sensação de falta de energia. Principalmente quando o conta-giros ronda as 3.500 rpm.

O desempenho é bom, mesmo que não leve a qualquer proposta mais esportiva. A potência de 142 cv também é adequada e mantém o jipinho em velocidades altas sem maiores dificuldades. Em rotações médias e elevadas, porém, o carro balança e o motor parece “pedir” uma marcha acima. Nota 8.

Estabilidade – Em retas, o modelo da Renault tem comportamento correto. O peso alto ajuda a manter o veículo bem apoiado no chão e não há sensação de flutuação em altas velocidades. Um grande porém são as saídas de frente.

É comum o condutor ter de “refazer os cálculos” ao entrar em uma curva retirando o pé do acelerador e esterçando ainda mais o volante. Ao menos, a carroceria faz pouca menção de rolar, o que diminui o incômodo interno. Nota 6.

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Interatividade – Como chegou no Brasil depois da última reestilização do companheiro de plataforma Sandero, o Duster herda algumas das alterações que vieram no hatch. Do lado positivo ficam os comandos dos vidros elétricos, que se situam nas portas – no antigo Sandero e no Duster europeu ainda ficam no painel.

Do lago negativo estão os ajustes dos retrovisores elétricos, escondidos sob a alavanca do freio de mão. O rádio tem funcionamento confuso, com o botão central sendo responsável pela escolha das estações e não pelo volume – bem mais tradicional e intuitivo.

O painel de instrumentos tem visualização clara e simples. Nota 6.

Consumo – O InMetro deu nota “A” para a versão 4X4 manual do Duster. Com o motor 2.0, o utilitário da Renault faz 8,9 km/l na cidade e 10,2 km;l na estrada com gasolina. Com etanol a média cai para 6,1 e 7,2 km/l, respectivamente.

Não chega a ser excelente, mas é melhor que os seus concorrentes. Nota 8.

Conforto – A suspensão independente multilink na traseira – exclusiva nesta versão 4X4 – faz a diferença na absorção dos impactos. O Duster tem um rodar macio e as buraqueiras são pouco sentidas na cabine.

Lá, por sinal, há um espaço amplo, principalmente para cabeça e ombros. Nem os mais altos vão precisar se preocupar em raspar a cabeça no teto. Os bancos são confortáveis, mas faltam apoios laterais. O isolamento acústico é decente, embora a som áspero do motor invada o habitáculo em rotações altas. Nota 8.

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Tecnologia – A plataforma do Duster já é conhecida dos brasileiros. É a versátil B-zero, já usada em Renault Sandero, Logan, Nissan March e Versa. Nesta versão topo de linha, como não poderia deixar de ser, traz uma lista de equipamentos menos sovina, com direito a ar-condicionado, airbag duplo e ABS, por exemplo.

Mas, mesmo assim, itens como controle de estabilidade, ar-condicionado automático e mais airbags fazem falta em um carro que beira os R$ 70 mil. Nota 7.

Habitalidade – A maior parte dos porta-objetos ficam na parte superior do painel, posição pouco prática e segura para colocar badulaques de uso rápido. E o resto da cabine não reserva tantos espaços assim.

Apesar de ser um veículo alto, os acessos do Duster são até fáceis. As portas abrem bastante e revelam um interior espaçoso, com área de sobra para cinco passageiros. Na versão com tração integral, o porta-malas perde 75 litros – por causa do posicionamento do estepe dentro do bagageiro – e fica com 400 litros.

Ainda assim, é um número considerável, ainda mais se levado em conta o seu fácil acesso. Nota 8.

Acabamento – O interior do Duster é rústico e até passa a impressão de que o resto do carro aguenta algumas trilhas pesadas. Mas há um uso excessivo de plástico rígido. Mesmo os bancos de couro – opcionais – não têm grande qualidade.

Uma configuração que parte de R$ 66 mil deveria oferecer mais. Nota 5.

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Design – As linhas brutas do Duster combinam muito bem com a sua proposta. Ainda mais quando a tração é integral, o que deixa mais insinuado um eventual apelo off-road. Não é que o SUV da Renault vá ganhar prêmios de design, mas seus traços o transformam em algo agressivo e imponente. Nota 8.

Custo/benefício – Com pintura metálica e bancos de couro, o Duster testado chega aos R$ 68.790. Levando-se em conta que é um utilitário compacto, é um preço bem elevado. A tração integral vale R$ 4.300 – já embutidos no preço total – e traz o benefício de deixar o carro mais apto a enfrentar pirambeiras mais complicadas – além da suspensão traseira independente.

Mesmo assim, não tem reduzida, por exemplo. Como um SUV urbano, o Duster 2.0 faz bem o seu papel, com bom desempenho e conforto. Os concorrentes ficam na mesma faixa de preço.

Equipado de maneira semelhante, o veterano Ford EcoSport 2.0 XLT é tabelado em R$ 64.441, o Mitsubishi Pajero TR4 custa altos R$ 76.990 e o Hyundai Tucson GLS 2.0 automático vai a R$ 74.900. Nota 6.

Total – O Renault Duster Dynamique 2.0 4X4 manual somou 70 pontos em 100 possíveis.

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Primeiras impressões – Personalidade bipolar

Na parte visual, a Renault – e sua subsidiária romena, a Dacia – resolveram ir contra a maré. Em vez de fazer um carro com design moderno, até com um estilo crossover, a ideia foi dar ao Duster um apelo quase de jipe. Sem dúvidas, é um carro imponente e com aspecto robusto.

De uma certa maneira isso até dá uma capacidade off-road um pouco maior ao veículo. Afinal seus ângulos de entrada e saída são generosos. A tração integral evidentemente ajuda, inclusive com opção de bloqueio do diferencial central. Mas o real habitat do Duster é a cidade.

O motor 2.0, por exemplo, dá boa agilidade para o utilitário. Para lidar com o alto peso, a Renault optou por utilizar uma caixa de câmbio com relações bem curtas. Assim, os giros sobem rápido e logo atingem a faixa de torque máximo.

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O lado irritante disso são as constantes necessidades de troca de marcha. Basta sair do sinal que já é preciso passar a segunda. Pelo menos, as trocas são suaves e relativamente precisas. Na prática, isso ao menos dá uma maior capacidade off-road. Quase como se a primeira marcha funcionasse como uma reduzida.

Nas curvas, no entanto, a Renault não conseguiu eliminar a tendência da grande massa do veículo ir em frente. O subesterço é facilmente percebido a bordo do Duster, o que implica em reduções de velocidade dentro da própria curva.

Ao menos, a correção é simples. Basta tirar o pé e contornar com mais cuidado. Em retas, a estabilidade é elogiável. Não há sensação de insegurança e o carro fica sempre na mão do motorista.

A suspensão independente multilink exclusiva da versão com tração integral auxilia na melhor absorção dos buracos. O utilitário passa com desenvoltura mesmo em pisos mais irregulares sem aquele balanço excessivo no interior.

Lá dentro, por sinal, a impressão que dá é que a fabricante quis dar a impressão de que o Duster poderia ser lavado com uma simples esguichada de mangueira – algo comum em jipes exclusivamente dedicados ao off-road.

Os materiais escolhidos são muito rígidos e aparentam baixa qualidade. Os plásticos duros são desagradáveis aos olhos e às mãos. As peças até são bem encaixadas, mas é tudo bruto até demais. Nesse caso, uma delicadeza a mais seria bem-vinda.

Ficha técnica – Renault Duster Dynamique 2.0 16V 4X4

Motor: A gasolina e etanol, dianteiro, transversal, 1.998 cm³, com quatro cilindros em linha, quatro válvulas por cilindro, comando duplo no cabeçote. Acelerador eletrônico e injeção eletrônica multiponto sequencial.

Transmissão: Câmbio manual de seis marchas à frente e uma a ré. Tração integral. Não oferece controle eletrônico de tração.

Potência máxima: 138 cv e 142 cv com gasolina e etanol a 5.500 rpm.

Aceleração: 0-100 km/h: 11,1 e 10,4 segundos com gasolina e etanol.

Velocidade máxima: 178 km/h e 181 km/h com gasolina e etanol.

Torque máximo: 19,7 kgfm e 20,9 kgfm com gasolina e etanol a 3.750 rpm.

Diâmetro e curso: 82,7 mm X 93,0 mm. Taxa de compressão: 11,2:1.

Suspensão: Dianteira do tipo McPherson com amortecedores hidráulicos telescópicos, triângulos inferiores e molas helicoidais. Traseira independente multilink com molas helicoidais e amortecedores hidráulicos verticais na versão 4X4. Não possui controle eletrônico de estabilidade.

Pneus: 215/65 R16.

Freios: Discos ventilados na frente e tambores atrás. Oferece ABS.

Carroceria: SUV em monobloco com quatro portas e cinco lugares. Com 4,31 metros de comprimento, 1,82 m de largura, 1,69 m de altura e 2,67 m de entre-eixos. Oferece airbag duplo frontal.

Peso: 1.353 kg.

Capacidade do porta-malas:400 litros.

Tanque de combustível: 50 litros.

Produção: São José dos Pinhais, Paraná.

Itens de série: Computador de bordo, ar-condicionado, banco do motorista com regulagem de altura, trio elétrico, direção hidráulica, sensor de estacionamento traseiro, airbag duplo, ABS, faróis de neblina, rodas de 16 polegadas, rádio/CD/MP3/USB/iPod/Aux com comandos na coluna de direção, volante com revestimento em couro, barras longitudinais no teto, retrovisores externos cromados e faróis com máscara negra

Preço: R$ 66.100

Opcionais: Pintura metálica e bancos de couro.

Preço completo: R$ 68.790.

Prós:

# Desempenho.

# Espaço interno.

# Conforto ao rodar.

Contras:

# Acabamento.

# Estabilidade em curvas.

Por Auto Press

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Autor: Ricardo de Oliveira

Com experiência de 27 anos, há 16 anos trabalha como jornalista no Notícias Automotivas, escreve sobre as mais recentes novidades do setor, frequenta eventos de lançamentos das montadoras e faz testes e avaliações. Suas redes sociais: Instagram, Facebook, X