
A Renault surpreendeu o mercado automotivo nesta quarta-feira ao anunciar François Provost como seu novo CEO global.
A decisão pegou muitos de surpresa, já que Provost, até então responsável pelas compras da montadora, não figurava entre os nomes mais cotados para assumir o comando da empresa.
Sua nomeação se torna efetiva no próximo dia 31 de julho, marcando o início de uma nova fase para a montadora francesa, que atravessa um momento desafiador.
A escolha de um nome interno vem poucas semanas após a saída repentina de Luca de Meo, que trocou o comando da Renault por um cargo no grupo de luxo Kering.
A montadora optou por alguém de perfil discreto, mas com larga experiência internacional e conhecimento profundo dos bastidores da empresa — características que pesaram em meio à necessidade de preservar a estabilidade em um momento de pressão.
Embora tenha conseguido bons resultados em 2023 ao focar no mercado europeu, a Renault agora sente o impacto da estagnação econômica na região.
No início de julho, a montadora emitiu um alerta ao mercado rebaixando sua previsão de margem de lucro anual, o que evidenciou a urgência em conter custos e ajustar a produção.
François Provost, de 57 anos, esteve envolvido nas recentes reestruturações da marca e foi peça-chave no plano de transformação lançado em 2022.
Também liderou negociações cruciais com grupos estrangeiros, como a parceria com a chinesa Geely na Coreia do Sul, além da reorganização da aliança com a japonesa Nissan e do projeto Horse, uma joint venture voltada à produção de motores a combustão em conjunto com Geely e Aramco.
A nomeação de Provost representa mais do que uma simples troca de comando: indica que a Renault aposta em continuidade, buscando manter o rumo traçado por De Meo, mas agora com um gestor mais técnico e menos midiático.
Analistas, no entanto, alertam para os riscos da escolha. A baixa visibilidade pública de Provost pode dificultar a comunicação com investidores e consumidores num momento em que o setor exige agilidade e clareza.
Com a apresentação de um novo plano estratégico prevista ainda para este ano, Provost terá pouco tempo para mostrar a que veio.
A expectativa é de que ele mantenha o foco na eletrificação da frota e na expansão internacional, ao mesmo tempo em que tenta evitar uma desaceleração maior nas vendas e reverter a perda de fôlego diante da concorrência chinesa e dos efeitos das tarifas impostas pelos Estados Unidos.
O cenário é de alerta máximo: a Renault precisa provar que a aposta em um nome caseiro pode render frutos — ou corre o risco de ver sua influência diminuir ainda mais no já turbulento tabuleiro global da indústria automotiva.
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