A Agência Reuters, uma das agências de notícias mais famosas do mundo, acaba de publicar uma reportagem falando sobre como o mercado automotivo brasileiro não vai para a frente, graças ao protecionismo, com suas tarifas e impostos altíssimos.
Você vê daqui pra frente, um resumo do que fala a matéria:
Há pouco mais de uma década, o Brasil decidiu aumentar barreiras comerciais em seu mercado automotivo.
A promessa era ambiciosa: mais produção local, empregos estáveis e veículos de melhor qualidade. Mas o que se viu, na prática, foi o efeito oposto.
Montadoras abriram e fecharam fábricas em poucos anos, a produção caiu, e os brasileiros hoje pagam até 50% a mais por modelos que custam bem menos em países vizinhos — com direito a tecnologias defasadas e menor oferta de modelos híbridos e elétricos.
Agora, com os Estados Unidos enfrentando uma nova rodada de tarifas sob a administração de Donald Trump, especialistas do setor começam a enxergar paralelos preocupantes com o que aconteceu no Brasil — que já foi o quarto maior mercado automotivo do mundo e hoje serve de alerta sobre os riscos do protecionismo.
Em 2011, com a economia aquecida e o real valorizado, as importações de veículos cresceram rapidamente, assustando o governo Dilma Rousseff.

A resposta foi endurecer as regras: aumento de 30 pontos percentuais nos impostos para carros importados, cortes nos tributos para veículos produzidos localmente e exigência de manutenção dos empregos no setor.
Essas medidas, somadas a regras de conteúdo local, fizeram a produção de veículos disparar até um pico de 3,71 milhões em 2013.
Empresas como Mercedes-Benz, pressionadas a manter sua fatia de mercado, decidiram construir fábricas no Brasil — mas muitas acabaram fracassando.
É o caso da própria Mercedes, que encerrou sua produção em São Paulo em 2020, apenas quatro anos após inaugurar a planta. A Ford seguiu o mesmo caminho e fechou sua última fábrica no país em 2021, encerrando um ciclo de mais de 100 anos.
Hoje, a produção nacional está cerca de 30% abaixo do auge, com 2,55 milhões de veículos produzidos em 2023. O número de empregos no setor caiu aproximadamente 20% no mesmo período.
Embora o protecionismo não seja o único vilão — altos custos de capital, insumos e mão de obra também pesam — ele contribuiu para um ambiente de baixa competitividade.
Segundo a consultoria Bright Consulting, algum nível de proteção pode ser necessário, mas o modelo brasileiro se mostrou ineficiente.
O impacto no bolso do consumidor é direto: um Toyota Corolla híbrido, por exemplo, custa o equivalente a US$ 21 mil no México, mas US$ 34 mil no Brasil.
Um estudo da PwC revelou que produzir um carro no México chega a ser 44% mais barato, quando se consideram impostos e logística.
O modelo fechado também atrasou a chegada de veículos eletrificados. Com menos competição externa, os lançamentos globais demoram mais para desembarcar no Brasil, o que compromete a modernização da frota e o acesso a tecnologias sustentáveis.
Para Philipp Schiemer, ex-presidente da Mercedes-Benz no Brasil e hoje consultor da Mirow & Co, a experiência brasileira deveria servir de lição. “Mercados protegidos tendem a ficar para trás”, afirmou, preocupado com o avanço de políticas similares em outras regiões, como os Estados Unidos.
A história recente da indústria automotiva brasileira mostra que proteger excessivamente o mercado interno pode gerar ganhos de curto prazo, mas custa caro no médio e longo prazo.
Perde-se competitividade, inovação e eficiência, além de se criar um ambiente instável para investimentos.
Como resume Schiemer: “A tendência protecionista atual me preocupa. Temo que estejamos prestes a viver um período difícil.”
Para o restante do mundo, o Brasil não serve mais como modelo de mercado emergente promissor. Hoje, é visto como um exemplo do que não fazer.

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