Ricos fogem da Ferrari, então empresa reduz oferta de carros para conter queda no valor de revenda

ferrari daytona sp3 600 (1)
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A Ferrari tomou uma medida drástica para preservar o valor de revenda de seus modelos de luxo: reduziu significativamente o volume de carros enviados ao Reino Unido.

A decisão vem em resposta à desvalorização dos modelos usados no país, em meio a mudanças fiscais que levaram à saída de diversos milionários da região.

“Algumas pessoas estão saindo do país por motivos fiscais”, afirmou o CEO da Ferrari , Benedetto Vigna, em entrevista ao Financial Times.

Segundo ele, após limitar os volumes, a marca percebeu uma estabilização no mercado britânico — que vinha sofrendo com flutuações nos preços de revenda de modelos como Purosangue e SF90 Stradale.

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ferrari 849 testarossa 1
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O movimento da fabricante italiana reflete o impacto direto das mudanças no regime fiscal para residentes não domiciliados, os chamados non-doms, que antes podiam declarar residência fiscal em outro país para evitar tributar patrimônio e renda global no Reino Unido.

Com o fim desse benefício em abril, muitos milionários deixaram o país.

Enquanto a ministra da Fazenda, Rachel Reeves, insiste que não há êxodo de ricos e que “o Reino Unido continua sendo um país atrativo”, o mercado de luxo já sente os efeitos.

Para a Ferrari, manter o valor de seus carros usados é fundamental, já que a maioria dos veículos novos é adquirida via financiamento, com base justamente na taxa de depreciação.

ferrari amalfi (9)
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Um exemplo claro da queda: entre janeiro e outubro deste ano, a versão usada do Ferrari Purosangue caiu 12,2% no mercado britânico, enquanto o SF90 Stradale desvalorizou 6,6%, segundo dados da Auto Trader.

Mesmo o 296 GTB, lançado em 2022 com preço de tabela de £256 mil, já aparece no mercado de seminovos por menos de £190 mil.

Além do contexto fiscal, Vigna apontou outro fator: por serem carros com volante do lado direito, os modelos vendidos no Reino Unido são mais difíceis de revender em outros mercados, o que contribui para a volatilidade de preços.

Segundo o executivo, os ajustes na alocação têm o objetivo de preservar a “gestão da escassez”, filosofia que sustenta as margens altíssimas da Ferrari — na casa de 30%.

ferrari sf90 leilao (1)
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A empresa enfrenta ainda outro desafio: manter o prestígio e o valor dos modelos em meio à crescente eletrificação de sua linha.

Investidores se mostraram cautelosos após a Ferrari afirmar que suas margens devem permanecer estáveis nos próximos cinco anos, mesmo com a entrada de híbridos e, futuramente, elétricos.

Com os olhos atentos ao mercado de usados e à movimentação do público ultra-rico, a Ferrari prova que, mais do que vender carros, seu verdadeiro negócio é manter a exclusividade — e para isso, às vezes é preciso vender menos.

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Autor: Eber do Carmo

Fundador do Notícias Automotivas, com atuação por três décadas no segmento automotivo, tem 20 anos de experiência como jornalista automotivo no Notícias Automotivas, desde que criou o site em 2005. Anteriormente trabalhou em empresas automotivas, nos segmentos de personalização e áudio.


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