
Quando se fala em motor a diesel, é comum pensar em caminhões pesados, locomotivas ou no famoso escândalo Dieselgate que abalou a reputação da Volkswagen.
Mas o uso do diesel em carros de passeio tem uma história muito mais antiga — e surpreendente — do que muita gente imagina.
O primeiro carro a diesel produzido em série foi lançado em 1936 pela Mercedes-Benz, mas o pioneirismo real talvez tenha pertencido a outra montadora: a francesa Citroën.
O motor diesel recebeu esse nome em homenagem ao seu criador, Rudolf Diesel, que registrou sua patente no fim do século XIX.
Ao contrário dos motores a gasolina, que usam velas de ignição, os motores a diesel trabalham com compressão intensa de ar e injeção direta de combustível.
O resultado é uma queima mais eficiente e, em muitos casos, uma durabilidade muito superior — qualidades ideais para aplicações industriais e comerciais.
Durante anos, o tamanho e o peso desses motores os tornavam inviáveis para veículos leves. Era mais comum vê-los em navios, locomotivas e fábricas.
Mas no início do século 20, algumas montadoras passaram a testar o uso do diesel em carros menores e mais leves.
A Mercedes-Benz foi a primeira a transformar essa ideia em um produto acessível ao consumidor. O modelo 260 D, apresentado no Salão de Berlim em 1936, trazia um motor 2.6 de quatro cilindros com modestos 45 cv, mas que oferecia ótima economia de combustível e confiabilidade.
O modelo era um sedã espaçoso, com versões voltadas principalmente para o transporte de passageiros e serviços de táxi. Foram vendidos cerca de 2.000 exemplares entre 1936 e 1940, marcando o primeiro uso real e comercial do diesel em carros de passeio.
Mas a história tem outro protagonista: a Citroën. Três anos antes do lançamento do 260 D, a marca francesa havia adaptado um de seus modelos Rosalie 7U com motor a diesel.
Os protótipos rodavam perfeitamente e chegaram a ser testados em vias públicas. Contudo, nunca chegaram a entrar em produção nem foram vendidos ao público, o que acabou ofuscando essa contribuição histórica.
Apesar de não ter sido o primeiro a experimentar, a Mercedes-Benz foi quem realmente mostrou ao mundo que o motor a diesel podia funcionar no uso diário, sem comprometer conforto ou confiabilidade.
E essa base técnica influenciou toda a indústria europeia no pós-guerra, incluindo marcas como Fiat e Volkswagen, que abraçaram o diesel nos anos seguintes.
Na década de 1970, a Mercedes voltou ao protagonismo com o lançamento do 300 CD e 300 SD turbodiesel, que uniam desempenho, robustez e economia.
Esses modelos consolidaram a reputação do diesel como sinônimo de durabilidade e eficiência na Europa.
Mesmo que atualmente os motores a diesel estejam sob pressão devido às regras de emissões e à ascensão dos carros elétricos, eles continuam essenciais em setores como o transporte pesado, agricultura e logística.
E embora seu futuro nos carros de passeio seja incerto, sua relevância histórica é incontestável.
O Mercedes-Benz 260 D pode não ter sido o primeiro carro a diesel a rodar, mas foi o primeiro a mostrar ao mundo que esse tipo de motor tinha, sim, lugar nas ruas.
E ainda que a Citroën não tenha levado os créditos de produção em série, merece ser lembrada como a marca que abriu a trilha por onde a Mercedes passou.
[Fonte: Jalopnik]
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