
O Salão do Automóvel de Guangzhou 2025 revelou um novo capítulo no mercado automotivo chinês — e ele não é nada confortável para as montadoras estrangeiras.
O evento expôs em tempo real o quanto as joint-ventures ficaram para trás na corrida da eletrificação, enquanto o mercado chinês avança a passos largos rumo a um novo paradigma.
O que antes era visto como um prazo seguro de adaptação agora se mostra perigosamente curto, com marcas locais liderando em tecnologia e velocidade de inovação.
Apesar da redução no número de expositores, o evento apresentou 1.085 veículos, dos quais 629 eram modelos de nova energia, representando impressionantes 58% da mostra.
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A ausência de marcas de luxo foi simbólica: o pavilhão exclusivo para o segmento premium foi cancelado após várias desistências, reflexo direto da queda de 32% nas vendas de importados em 2025.
Diante desse cenário, várias marcas estrangeiras estão recorrendo ao ecossistema tecnológico chinês como forma de acelerar atualizações e reduzir custos, segundo reportagem do site CarNewsChina.
Toyota e Nissan apostaram em sistemas baseados no HarmonyOS da Huawei como diferencial, com destaque para o BZ7 e o novo Teana, este último promovido como o primeiro modelo a combustão com o sistema embarcado.

A Buick, por sua vez, revelou planos ambiciosos, com plataforma elétrica de 900V, baterias 6C e sistema de direção inteligente desenvolvido em parceria com a Momenta.
Mas esse movimento de “tecnologia terceirizada” também levanta dúvidas sobre a identidade dessas marcas em um mercado onde o consumidor valoriza cada vez mais inovação local.
A solução para algumas tem sido equilibrar design e engenharia tradicionais com tecnologias desenvolvidas na China. A BMW, por exemplo, apresentou uma prévia do novo iX3 com cockpit desenhado por sua equipe local e assistência à condução co-criada com a Momenta.

A Mercedes chamou atenção com o CLA elétrico feito para a China e o conceito AMG GT XX, que traz três motores de fluxo axial, bateria quaternária com refrigeração direta e arquitetura de 800V.
A Volkswagen destacou sua nova arquitetura elétrica E-China, que reduz em 30% o número de unidades de controle e melhora segurança e desempenho.
A Audi, com suas joint-ventures, reforçou a integração com fornecedores locais como Huawei e Momenta, mantendo ao mesmo tempo elementos clássicos da experiência “Audi”.

No marketing, as marcas também buscaram se adaptar: a Lexus apostou em uma versão regionalizada do ES300h, enquanto outras usaram colaborações com personagens de animações e franquias populares para atrair o público jovem.
Os números mostram o desafio: entre 2020 e 2024, a participação das joint-ventures caiu de 60% para 34,8%, em contraste com o salto da penetração de veículos elétricos de 5,8% para 56%.
Mesmo com uma leve estabilização acima de 35% em 2025, a concorrência agora vai além do preço — trata-se de oferecer valor, com foco em software, eficiência de cadeia de suprimentos e capacidade de iterar produtos rapidamente.

O recado do Salão de Guangzhou foi direto: quem quiser sobreviver na China precisa se reinventar constantemente e abraçar a velocidade local.
Mais do que um grande mercado consumidor, a China se tornou o verdadeiro campo de provas da indústria automotiva global. E só quem entender essa nova dinâmica terá lugar na próxima fase do jogo.
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