Nos Estados Unidos, onde a indústria automotiva tradicional é profundamente ligada ao modelo de vendas via concessionárias, uma montadora está decidida a quebrar esse paradigma.
A Scout Motors, marca recém-revitalizada pelo Grupo Volkswagen, está comprando uma briga de gente grande ao insistir que venderá seus veículos diretamente ao consumidor, sem intermediários.
E não importa quantos processos os distribuidores tradicionais entrem: a Scout não pretende recuar.
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A posição da marca ficou ainda mais clara durante o Salão de Munique, na Alemanha.
Apesar de os modelos Scout Terra e Traveler não estarem previstos para o mercado europeu, o CEO Scott Keogh fez questão de usar o evento como palanque para reafirmar o compromisso com o modelo de venda direta.
Para ele, o evento era uma oportunidade de “contar a história da Scout para a imprensa global”, mesmo que a presença em Munique não fosse, tecnicamente, necessária.
Keogh foi direto ao ponto: “Se você olhar para as marcas do século 21 e o que elas conseguem entregar, é isso que elas fazem. Nós podemos criar as lojas e podemos criar a experiência da marca. Essa é a direção certa.”
Para ele, depender de concessionárias tradicionais é incompatível com o tipo de relacionamento moderno que a Scout quer ter com seus clientes.
Mas, como era de se esperar, o setor tradicional reagiu com força. Concessionárias da Volkswagen e da Audi nos Estados Unidos já entraram com ações judiciais — uma na Flórida, outra patrocinada pela Associação de Concessionárias da Califórnia.
A ironia? A Scout nunca assinou qualquer contrato com essas concessionárias. Mesmo assim, as ações alegam que a empresa violou supostos “termos de compromisso” que, juridicamente, nem existem.
Apesar da pressão legal e do barulho, Keogh continua firme.
“Estou bastante claro nesse ponto: essa é a estratégia certa. Tem que ser feita pensando no consumidor. Os americanos gostam de empresas que desafiam, inovam e competem. Isso tudo é só ruído”, afirmou o executivo.
Para ele, a chave está no controle da relação com o cliente final. “Se você não é dono da relação com o cliente, o que você tem? Uma fábrica e um monte de custos. Sem isso, você não consegue otimizar nada”, disse Keogh.
Para muitos, era quase certo que o Grupo Volkswagen — e, por consequência, a Scout — acabaria cedendo às pressões do poderoso lobby das concessionárias, como tantas marcas já fizeram.
Mas, ao que tudo indica, pelo menos por enquanto, a Scout está disposta a manter sua postura desafiadora. Claro, ainda falta um detalhe importante: os carros.
Até o momento, nenhum modelo da Scout foi entregue ao público. E por mais que o discurso empolgue, será preciso ver se a empresa consegue transformar a ambição em produto — e se seu sistema de propulsão com extensor de autonomia funcionará como prometido.
Mas o fato é que, em uma indústria onde todo mundo parece jogar pelo mesmo manual há décadas, ver uma marca nova enfrentando os dinossauros do setor é, no mínimo, refrescante.
E se isso for bom para o consumidor, melhor ainda.
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