
A Tesla está enfrentando uma das fases mais difíceis de sua história, mesmo com o mercado global de veículos elétricos em plena expansão.
Pela primeira vez, a empresa se encaminha para registrar queda nas entregas por dois anos consecutivos, em contraste com o avanço de concorrentes como BYD, que já supera a Tesla em vendas globais de EVs há quatro trimestres.
Nos Estados Unidos, a montadora perde fôlego após o fim do subsídio federal de US$ 7.500, que expirou em setembro de 2025. Com isso, os consumidores correm para outras marcas com modelos mais baratos e atualizados.
Enquanto isso, a participação de mercado da Tesla nos EUA despencou de mais de 75% em 2022 para cerca de 40% este ano, segundo dados da Kelley Blue Book.
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Na Europa, a situação é ainda pior. De janeiro a agosto, as vendas caíram 33% em relação ao mesmo período do ano passado, mesmo com o segmento elétrico crescendo 26%.

Na China, maior mercado de EVs do mundo, os números também decepcionam. A fábrica de Xangai teve queda nas entregas em sete dos primeiros nove meses de 2025, segundo a China Passenger Car Association.
Parte do problema está na falta de produtos novos e acessíveis.
A Tesla optou por lançar versões simplificadas do Model 3 e Model Y em vez de criar um modelo inédito e realmente barato.
Mesmo assim, os preços continuam próximos dos US$ 40 mil — fora da realidade de muitos consumidores.
Enquanto isso, a BYD oferece dezenas de modelos, com preços mais competitivos e forte apelo tecnológico — e isso sem nem atuar oficialmente no mercado norte-americano.

O cenário político também tem cobrado um preço alto.
A aproximação de Elon Musk com Trump e partidos de extrema direita provocou boicotes globais, protestos em lojas e até atos de vandalismo contra veículos da marca.
Musk teria investido cerca de US$ 300 milhões na campanha republicana de 2024, mas nem isso impediu que o governo Trump impusesse tarifas extras de US$ 700 milhões em dois trimestres e encerrasse o crédito fiscal para EVs.
Para piorar, a receita com créditos regulatórios — vendidos a outras montadoras para que estas cumpram metas ambientais — caiu 44% no terceiro trimestre e deve seguir em queda.
Em meio à turbulência, Musk tenta mudar o foco da Tesla: menos EVs, mais inteligência artificial e robôs humanoides.

Ele aposta que o projeto Optimus, seu robô bípedo, responderá por 80% do valor da empresa no futuro.
O plano é ambicioso e inclui a criação de 1 milhão de robotáxis, 1 milhão de robôs e 20 milhões de EVs entregues por ano.
Para isso, Musk quer um novo pacote salarial de US$ 1 trilhão, condicionado ao cumprimento dessas metas.
O serviço de robotáxi começou discretamente em Austin, Texas, com poucos carros e presença obrigatória de monitores humanos. Ainda não há previsão para expansão real nem escala comercial significativa.
Com a saída de executivos importantes e vendas em queda nos três principais mercados, a Tesla caminha em uma direção incerta.
Investidores continuam apostando na visão de futuro de Musk — mas cada vez mais essa aposta parece distante da realidade que os números mostram.
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