
O relatório de lucros da Tesla divulgado em 22 de abril deixou uma mensagem clara: a Cybertruck não decolou.
Apesar de ter mais de um milhão de reservas registradas desde seu anúncio, menos de 50 mil unidades foram entregues.
No primeiro trimestre de 2025, segundo estimativas da Cox Automotive, apenas 6.406 unidades foram vendidas. O resultado? Estoques crescentes nos pátios da marca e uma tentativa desesperada de mudar a imagem do modelo.
Nos últimos meses, a Tesla tem reformulado sua comunicação sobre a Cybertruck, abandonando o tom futurista e espacial que sempre acompanhou a picape desde sua estreia em 2019.
Em vez de Marte, agora a narrativa tenta ancorar o veículo na realidade do trabalhador comum — aquele que carrega ferramentas na caçamba e precisa rebocar trailers nos fins de semana.

Reportagem do Business Insider revela que a Tesla trocou as imagens de ficção científica do site oficial por fotos do Cybertruck rebocando trailers, carregando materiais de construção e estacionado em acampamentos familiares.
O slogan “construído para qualquer planeta” foi substituído por apelos mais pé no chão, como capacidade de carga e praticidade.
Um vendedor da Tesla no sul dos EUA relatou ao BI: “Agora o foco é funcionalidade. As pessoas querem saber quanto ele pode rebocar, o que cabe na caçamba. Os test drives geralmente são feitos por curiosos, não compradores reais de picapes. É mais uma novidade do que uma ferramenta de trabalho.”
O visual excêntrico em aço inox escovado ainda é um obstáculo. Para muitos compradores tradicionais de picape, o design futurista afasta mais do que atrai.
A Tesla parece estar tentando corrigir isso, até mesmo copiando visualmente o estilo de marketing da rival Ford — especialmente nas páginas promocionais do F-150 Lightning.

A estratégia inclui também o lançamento de uma versão mais acessível e enxuta do Cybertruck, que se aproxima da F-150 elétrica em preço, alcance e capacidade de reboque.
Mesmo assim, analistas se perguntam se um modelo que chega perto dos 100 mil dólares (em versões completas) realmente conversa com o consumidor que busca uma picape funcional.
Apesar da promessa de uma carroceria “à prova de balas”, o Cybertruck ainda não conseguiu convencer o mercado de que é um veículo robusto para uso severo.
E para piorar, virou alvo de piadas constantes nas redes sociais, minando ainda mais sua reputação junto ao público conservador que costuma dominar o segmento.
O novo posicionamento parece também buscar um realinhamento político, apelando a consumidores mais tradicionais — um reflexo direto da guinada de Elon Musk no discurso público.
O problema é que esse grupo dificilmente vai desembolsar uma fortuna por uma picape que, além de cara, não entrega exatamente o que promete.
Resta saber se essa nova abordagem vai surtir efeito. O mercado de picapes elétricas está cada vez mais competitivo, com rivais como Ford, Rivian e até GM oferecendo alternativas mais convencionais e funcionais.
Enquanto isso, o Cybertruck segue tentando encontrar sua identidade — e um público que realmente queira levá-lo para casa.
Para um modelo que nasceu como símbolo de inovação radical, pode ser irônico que seu novo plano de sobrevivência seja justamente parecer o mais “normal” possível.

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