Senadora dos EUA diz que “deitará no chão para impedir que os carros chineses entrem”, sendo que eles já não são vendidos lá

senadora elissa slotkin
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A senadora Elissa Slotkin, recém-eleita pelo estado de Michigan, apresentou no dia 10 de abril um projeto de lei no Senado norte-americano com o objetivo de barrar a entrada de veículos chineses nos Estados Unidos.

O detalhe? Nenhuma montadora chinesa vende atualmente carros no país.

Em meio à escalada da guerra comercial promovida pelo governo Trump contra a China (e o restante do mundo), o projeto parece mais um gesto político do que uma medida de impacto real no mercado automotivo.

Batizado de “Connected Vehicle National Security Review Act” , o projeto visa dar poderes ao Departamento de Comércio para proibir veículos conectados e componentes automotivos fabricados por empresas ligadas a governos considerados “de preocupação”, como o da China.

Isso inclui empresas que operem fora da China, mas que sejam controladas por empresas chinesas – por exemplo, fabricantes com fábricas no México.

Segundo Slotkin, ex-agente da CIA e ex-funcionária do Pentágono, veículos conectados fabricados por empresas chinesas representam riscos de segurança nacional por causa da possibilidade de coleta de dados em massa.

Ela defende que os dados dos cidadãos, a infraestrutura do país e a indústria automotiva de Michigan estão em risco. No entanto, críticos destacam que, se a China realmente quisesse espionar os EUA, há maneiras bem mais diretas e eficazes de fazer isso do que usando carros conectados.

A ironia é que Slotkin está, de certa forma, reforçando medidas adotadas por Trump, apesar de ser uma democrata.

Seu projeto de lei daria base legal a ordens executivas anteriores dos governos Biden e Trump, que instruíram o Departamento de Comércio a investigar produtos chineses considerados ameaça à segurança nacional.

Vale lembrar que montadoras como Ford e GM produzem veículos na China. No entanto, segundo a própria senadora, o foco da nova legislação não são essas empresas, mas sim fabricantes diretamente ligados ao governo chinês, como BYD e SAIC.

O problema é que nenhuma dessas empresas vende carros nos EUA atualmente.

E com os novos aumentos tarifários impostos por Trump, isso está ainda mais distante. Ou seja, o projeto acaba sendo, na prática, uma lei para banir algo que não existe.

Enquanto isso, o consumidor americano continua privado de opções competitivas e modernas que têm feito sucesso em outros mercados globais, especialmente na Europa e América Latina.

Como apontou o site Jalopnik, “é uma pena, porque isso está privando os consumidores dos EUA de produtos realmente bons”.

A guerra ideológica contra veículos chineses parece seguir mais um roteiro político do que um debate sério sobre segurança e inovação no setor automotivo.


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Autor: Eber do Carmo

Fundador do Notícias Automotivas, com atuação por três décadas no segmento automotivo, tem 20 anos de experiência como jornalista automotivo no Notícias Automotivas, desde que criou o site em 2005. Anteriormente trabalhou em empresas automotivas, nos segmentos de personalização e áudio.