
Em meio à pressão crescente sobre os lucros da indústria automotiva japonesa, o principal grupo sindical do setor deixou claro: não haverá recuo nas demandas por aumento salarial em 2025.
Mesmo com o impacto direto das tarifas impostas pelos Estados Unidos, os sindicatos prometem manter a linha dura nas negociações.
Quem confirmou a postura foi Akihiro Kaneko, presidente da Confederação dos Sindicatos dos Trabalhadores da Indústria Automotiva do Japão (JAW), em entrevista à agência Reuters nesta sexta-feira.
Segundo ele, a perda de poder de compra dos trabalhadores e a inflação persistente não deixam espaço para moderação.
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Com a inflação alta e os salários reais ainda em baixa, não há como entrar nas negociações do ano que vem com uma postura mais fraca”, afirmou Kaneko, ressaltando que o setor vive um momento crítico, com projeções de queda de até 30% nos lucros das montadoras devido às tarifas impostas por Washington.
Apesar do cenário, o sindicato argumenta que os reajustes são fundamentais para manter a engrenagem econômica girando.
“A lógica é simples: salários mais altos incentivam o consumo, que por sua vez impulsiona o crescimento. Para sustentar esse ciclo, precisamos continuar pressionando por aumentos”, explicou o dirigente.
Em 2024, as negociações salariais coordenadas pelo JAW garantiram um reajuste médio de 4,94% para os trabalhadores filiados. A entidade representa 12 sindicatos, incluindo os das gigantes Toyota, Honda e diversos fornecedores, somando cerca de 784 mil empregados.
O peso do setor automotivo no Japão é expressivo: mais de 5 milhões de pessoas dependem direta ou indiretamente dessa indústria.
Por isso, as negociações salariais das montadoras costumam influenciar o restante da economia japonesa, inclusive nas decisões do Banco do Japão sobre política monetária.
A expectativa para os acordos do próximo ano é considerada um fator-chave para a definição do próximo aumento na taxa de juros.
O presidente do banco central japonês, Kazuo Ueda, afirmou recentemente que está à espera de mais dados que comprovem a continuidade dos reajustes salariais mesmo diante do impacto das tarifas americanas.
Segundo ele, a atenção está voltada especialmente para o desempenho do setor automotivo, que já começa a sentir os efeitos da nova política comercial dos EUA.
As tarifas, formalizadas em setembro como parte de um novo acordo comercial entre Japão e Estados Unidos, reduziram a taxa média sobre importações japonesas para 15%.
No entanto, a alíquota para automóveis já foi de 27,5%, e o risco de sobretaxas sobre outros produtos ainda ronda o comércio bilateral.
Na tentativa de mitigar os efeitos negativos e viabilizar os aumentos salariais, o sindicato estuda colaborar com as empresas em medidas para melhorar a rentabilidade, como ajustes nas práticas de precificação com fornecedores — uma tentativa de garantir que os aumentos também cheguem à base da cadeia.
Com um setor em retração e o custo de vida em alta, o Japão entra em mais um ciclo de negociações salariais sob forte tensão. E tudo indica que o tom será elevado, mesmo com os números jogando contra.
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