
Durou apenas quatro horas o site que prometia oferecer uma espécie de “transparência radical” sobre a atuação dos fiscais de trânsito em San Francisco.
A proposta era simples, mas ousada: rastrear em tempo quase real onde estavam os agentes responsáveis por aplicar multas de estacionamento, além de mostrar quanto cada um arrecadava em penalidades.
A resposta da cidade foi imediata — o serviço foi tirado do ar sob alegação de “proteção à segurança dos funcionários”.
Batizado informalmente de “Find My Parking Cop”, o site foi desenvolvido por Riley Walz, um programador que nem carro possui, mas ficou intrigado após seu colega de quarto receber uma série de multas.
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Usando apenas dados públicos disponibilizados pelo órgão de trânsito da cidade (SFMTA), Walz conseguiu identificar o algoritmo usado para gerar os números das infrações e rastrear a movimentação dos fiscais com base no local onde a última multa foi emitida.

O mapa do site mostrava a posição dos agentes com base nas infrações registradas minutos antes.
Assim, motoristas poderiam, por exemplo, correr até o carro e alimentar o parquímetro antes de receber uma multa — ou simplesmente descobrir as zonas “frias”, onde os fiscais ainda não haviam passado.
Mas o que realmente chamou atenção foi a segunda aba do site: um ranking com quantas multas cada agente aplicava por semana e o valor total arrecadado.
Os números impressionam — vários fiscais ultrapassavam os US$ 10 mil em multas semanais, e um deles chegou a somar mais de US$ 20 mil com 192 infrações registradas.
Isso levantou dúvidas sobre metas de arrecadação e práticas abusivas no setor de fiscalização de trânsito.
A prefeitura, por sua vez, agiu rapidamente. Em apenas quatro horas, alterou a estrutura do site oficial que fornecia os dados, inviabilizando a extração de novas informações.
Embora Walz tenha considerado alternativas para manter o serviço ativo, acabou abandonando a ideia diante da rapidez com que o governo agiu.
Atualmente, a página exibe a mensagem: “Em uma velocidade raramente vista, o governo de SF mudou seu site poucas horas após este aqui ir ao ar. Não consigo mais obter os dados.”
O SFMTA, por meio de nota enviada à imprensa local, defendeu sua posição alegando preocupação com a segurança dos funcionários.
“As multas são ferramentas para garantir o cumprimento das leis de estacionamento, ajudando a manter as ruas seguras e o espaço urbano organizado de forma justa. Valorizamos o uso criativo da tecnologia, mas é importante garantir que nossos funcionários possam trabalhar com segurança e sem interrupções.”
Apesar da resposta oficial, o episódio escancara o desconforto de autoridades com ferramentas que tornam o sistema mais transparente e, principalmente, que colocam nas mãos dos cidadãos o poder de monitorar quem os multa.
O caso também levanta um debate sobre o uso de dados públicos, privacidade funcional e o verdadeiro papel da tecnologia como instrumento de fiscalização — seja ela feita por governos ou pelos próprios moradores.
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