O Dodge Charger Daytona EV chamou atenção quando chegou ao mercado com um sistema sonoro que simula o ronco agressivo de um motor V8 — tudo para tentar manter viva a alma dos muscle cars, mesmo em tempos elétricos.
Mas agora, o barulho que virou marca registrada do modelo virou também motivo de recall.
A Stellantis anunciou que aproximadamente 8.390 unidades do Dodge Charger Daytona EV, fabricadas entre abril de 2024 e março de 2025, precisarão passar por atualização devido a um problema em seu amplificador externo.
O componente pode ter saído de fábrica sem a habilitação de software necessária para emitir sons externos, o que inclui tanto o barulho artificial do “Fratzonic Chambered Exhaust” quanto os alertas sonoros obrigatórios por lei para proteger pedestres.
Nos Estados Unidos, a legislação exige que veículos híbridos e elétricos emitam sons audíveis quando circulam em baixas velocidades — especialmente abaixo de 30 km/h — para alertar pedestres, conforme determina o padrão FMVSS No. 141.
Sem isso, o risco de atropelamentos aumenta, já que esses carros são extremamente silenciosos.
A investigação do problema começou em 17 de abril de 2025, após a FCA US (subsidiária da Stellantis) identificar relatos de Chargers que não emitiam nenhum tipo de som externo.
Após análises técnicas e dados de campo, a montadora concluiu que a falha poderia deixar os veículos fora da conformidade com os padrões federais de segurança e decidiu iniciar o recall.
Apesar do problema estar ligado à ausência de som — algo raro em recalls automotivos — o que causa ainda mais atenção é a natureza contraditória do sistema sonoro do Charger EV.
O “Fratzonic Chambered Exhaust” foi criado justamente para imitar o barulho ensurdecedor dos motores a combustão, chegando a emitir até 126 decibéis, o que, segundo pesquisadores da Universidade de Yale, pode causar dor física em algumas pessoas.
Em outras palavras, é mais barulhento que um show de rock ou até o motor de um avião em decolagem.
O som artificial busca atrair entusiastas dos antigos V8 da marca, mas muitos críticos consideram a proposta exagerada e desnecessária para um veículo elétrico.
O apelo ao “barulho de macho alfa” já levantou discussões sobre o quanto essa estética ainda faz sentido — e pode ser uma das razões pelas quais o Charger elétrico, apesar de todo o barulho, ainda não decolou nas vendas.
Enquanto isso, os proprietários dos modelos afetados devem receber em breve uma notificação oficial para atualização do software, que será feita gratuitamente.
Afinal, mesmo com um som que imita um muscle car enfurecido, um carro elétrico precisa estar dentro da lei — e também ser ouvido na rua.
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