
A Stellantis, conglomerado responsável por marcas como Fiat, Jeep, Chrysler, Dodge, Peugeot e Citroën, acaba de oficializar um recuo estratégico que pode mudar completamente o rumo da empresa na corrida elétrica.
Depois de prometer que todos os seus carros vendidos na Europa seriam 100% elétricos até 2030, a companhia voltou atrás e admite que não irá mais cumprir essa meta — nem mesmo as exigências de emissões estabelecidas pela União Europeia.
O anúncio veio diretamente de Jean-Philippe Imparato, chefe da região europeia ampliada da Stellantis, durante o Salão de Munique. Segundo ele, o grupo não tem mais como seguir adiante com o pilar mais importante do ousado plano Dare Forward 2030.
Na prática, isso significa que a Stellantis desistiu oficialmente de ser uma montadora exclusivamente elétrica na Europa em menos de sete anos.
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Lançado com pompa, o plano Dare Forward previa investimentos de US$ 36 bilhões para eletrificar completamente as operações do grupo, vender 5 milhões de EVs até 2030 e atingir 100% de vendas elétricas na Europa, com 50% na América do Norte.
Na época, o então CEO Carlos Tavares defendia que as metas ambientais da UE eram fundamentais para manter a competitividade global das montadoras europeias. Ele inclusive se recusou a apoiar qualquer tipo de adiamento ou flexibilização das regras.
De lá pra cá, a narrativa virou fumaça. A Stellantis até chegou a lançar modelos promissores, como o Jeep elétrico e o Dodge Charger EV, além de anunciar a Ram 1500 elétrica.
Mas, com o tempo, tudo foi sendo adiado. O Charger parece perto de ser cancelado, a Ram EV foi postergada e será precedida por uma versão com extensor de autonomia, e até o motor Hemi V8, que havia sido aposentado, voltou a equipar a linha Ram.

O cenário interno do grupo se tornou ainda mais nebuloso com a saída de Tavares e a falta de novos lançamentos de peso por marcas icônicas como Maserati, Alfa Romeo e Chrysler.
Imparato admitiu que, mesmo com o adiamento das novas regras de emissões da UE para 2027, a Stellantis ainda está longe de conseguir dobrar suas vendas de elétricos — algo considerado vital para evitar bilhões em multas ambientais.
E a Stellantis não está sozinha. Nos últimos meses, outras montadoras globais também abandonaram seus cronogramas de eletrificação total.
A Volvo foi uma das primeiras a recuar, seguida por General Motors, Mercedes-Benz e o Grupo Volkswagen, que retomaram investimentos em motores a combustão interna — segmento que, até pouco tempo, parecia condenado à extinção.
Neste momento, o que se vê é um setor automotivo dividido entre promessas não cumpridas, realidades de mercado mais duras do que o previsto e consumidores ainda reticentes quanto aos EVs. O plano da Stellantis de liderar a revolução elétrica global parece, por enquanto, engavetado.
E o futuro das suas marcas mais tradicionais, cada vez mais incerto.
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