A Stellantis anunciou nesta terça-feira um novo sistema veicular que permitirá a montagem de modelos a gasolina, híbridos e elétricos em uma mesma plataforma, destacando sua abordagem flexível em meio às incertezas da transição para veículos elétricos (EVs).
No entanto, o grupo franco-italiano também confirmou o adiamento da produção de sua aguardada picape elétrica Ram para o primeiro semestre de 2025, citando a necessidade de garantir qualidade no produto final.
O CEO Carlos Tavares destacou que a nova plataforma STLA Frame, projetada para caminhonetes e SUVs de grande porte, é um marco para a empresa.
As plataformas, comparadas a “skates” nos quais diferentes tipos de veículos podem ser construídos, integram componentes elétricos e mecânicos essenciais para os modelos.
“Estamos muito focados na execução do nosso plano, apesar dos desafios significativos que a indústria enfrenta”, afirmou Tavares em entrevista a jornalistas.
O atraso na produção da Ram elétrica reflete uma carga de trabalho elevada para a Stellantis, que, como outras montadoras, investiu pesadamente em capacidade de produção de EVs nos últimos anos.
Contudo, a demanda por esses veículos tem crescido mais lentamente do que o esperado, levando algumas empresas a reconsiderar suas estratégias.
Enquanto algumas montadoras, como a Ford, mantém o foco em híbridos, outras, como a General Motors, têm priorizado modelos totalmente elétricos e planejam introduzir híbridos plug-in somente a partir de 2027.
A Stellantis, por sua vez, tem apostado principalmente em híbridos plug-in no mercado norte-americano, mas pretende expandir suas vendas de EVs nos próximos anos.
A meta é atingir 100% de vendas de carros elétricos na Europa e 50% de veículos elétricos e caminhões leves nos Estados Unidos até 2030.
A Stellantis também enfrenta desafios no mercado norte-americano, com quedas significativas nas vendas e estoques elevados de veículos como os populares Jeep e Ram.
Para combater esses problemas, Tavares reformulou a equipe de gestão e está ajustando estratégias para recuperar a lucratividade. Apesar dos esforços, as ações da empresa caíram cerca de 40% este ano.
Um ponto de destaque do anúncio foi o potencial da STLA Frame. A plataforma promete suportar veículos elétricos com até 805 km de autonomia e capacidade de reboque de até 6.350 kg.
Além disso, será compatível com soluções a hidrogênio e veículos elétricos de alcance estendido, reforçando a versatilidade do projeto.
No entanto, o futuro do mercado de EVs ainda enfrenta incertezas, especialmente nos Estados Unidos. A possível retirada de incentivos federais, como o crédito fiscal de US$ 7.500 para compra de EVs, poderia impactar negativamente a demanda.
Modelos híbridos da Stellantis, como o Jeep Grand Cherokee, atualmente se beneficiam de parte desse crédito.
Com o novo sistema e o foco em tecnologia avançada, a Stellantis espera se posicionar como um dos principais players globais na transição para veículos mais sustentáveis, mesmo em um cenário de desafios econômicos e regulatórios.
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