
A Stellantis, gigante automobilística formada pela fusão da Fiat Chrysler com o grupo francês PSA, vive uma fase turbulenta desde a saída do ex-CEO Carlos Tavares, em dezembro.
Sob o comando do novo chefe, o italiano Antonio Filosa, um processo de reestruturação profunda tem causado preocupação crescente entre os trabalhadores franceses, que temem perder espaço na estratégia global da empresa.
Filosa, que assumiu o cargo em junho, vem promovendo mudanças internas rápidas e incisivas, trazendo para cargos de liderança executivos de sua confiança — muitos deles com histórico de atuação ao seu lado na América do Sul.
A movimentação, embora natural em processos de transição, foi vista com maus olhos por sindicatos franceses, segundo reportagem da Bloomberg, que acusam a nova gestão de marginalizar o know-how francês e colocar fábricas da França e da Europa em posição secundária.
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Em nota, o sindicato CFE-CGC, que representa principalmente trabalhadores de colarinho branco, afirmou que as decisões recentes “colocam em risco o equilíbrio estabelecido na fusão PSA-FCA, especialmente no que diz respeito à produção e ao desenvolvimento de veículos futuros”.
O temor é que unidades industriais na França passem a ser tratadas como “variáveis de ajuste”.
E os sinais já são visíveis.
Diversas fábricas na Europa foram temporariamente fechadas devido à baixa demanda por determinados modelos, enquanto investimentos planejados para o continente foram cancelados.
Ao mesmo tempo, Filosa anunciou um plano de US$ 10 bilhões para fortalecer a operação da Stellantis nos Estados Unidos, mercado que, apesar de desafiador, é crucial para os lucros do grupo.

A decisão alarmou também sindicatos italianos, onde a produção de veículos caiu 36% nos primeiros nove meses de 2025. Representantes locais já falam em risco real de fechamento de fábricas caso a tendência não mude.
Mesmo com bons resultados nos EUA — com alta de 13% nas entregas no terceiro trimestre, puxada pelo retorno da picape Ram 1500 V8 — a preocupação na Europa cresce.
Filosa tenta amenizar o clima interno ao afirmar que não há mais espaço para divisões do tipo “ex-PSA” ou “ex-FCA”, adotando a filosofia “somos apenas Stellantis”. Sua primeira visita oficial, inclusive, foi à fábrica de Sochaux, na França, que produz os SUVs Peugeot 3008 e 5008.
No entanto, a tensão segue alta.
A pressão dos sindicatos se intensifica, e as decisões estratégicas que forem tomadas nos próximos meses poderão definir se a Stellantis seguirá equilibrando seus dois pilares — PSA e FCA — ou se passará a privilegiar uma virada definitiva para o lado americano da operação, em detrimento da herança europeia.
Enquanto Filosa se prepara para reuniões com sindicatos italianos em outubro, a França segue imersa em crise política e com poucas garantias sobre o futuro de sua participação na montadora.
Para muitos trabalhadores, a pergunta que ecoa nas fábricas é clara: onde ficará a Europa na Stellantis do futuro?
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