
O novo CEO da Stellantis, Antonio Filosa, chegou à liderança do grupo com um recado direto à União Europeia: ou Bruxelas muda urgentemente suas metas ambientais, ou a indústria automobilística do continente corre sério risco de colapso.
Em entrevistas publicadas no fim de semana pelos jornais Il Sole 24 Ore e Les Echos, o executivo italiano, de 52 anos, criticou o excesso de regulação ambiental e pediu medidas mais realistas para salvar o setor — especialmente diante da ofensiva chinesa no mercado europeu.
Para Filosa, as metas de emissões impostas pela UE são “irreais” e estão provocando um aumento generalizado no custo de produção, especialmente nos segmentos de entrada, como os compactos urbanos.
O resultado? Uma queda acentuada nas vendas desses modelos, ao mesmo tempo em que marcas como BYD, da China, avançam com carros híbridos e elétricos com preços muito mais competitivos.
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O alerta vem às vésperas do Salão de Munique e de uma reunião crucial do setor em Bruxelas.
Desde que assumiu o cargo em junho — após a saída de Carlos Tavares —, Filosa tem enfatizado a necessidade de um novo direcionamento estratégico.
Com raízes na Fiat e discípulo direto do icônico Sergio Marchionne, o novo comandante enfrenta um cenário complexo. Nos EUA, tarifas da gestão Trump continuam pressionando custos e atrapalhando cadeias logísticas.
Na Europa, o desafio é lidar com capacidade ociosa crescente e queda de demanda.

Apesar do tom crítico, Filosa reafirmou o compromisso da Stellantis com os investimentos prometidos na Itália e na França.
A empresa segue com planos de expansão, incluindo a produção do novo Jeep Compass na planta de Melfi e do Fiat 500 híbrido em Mirafiori. Também garantiu que a fábrica de Poissy, na região de Paris, segue estratégica para o grupo.
Questionado sobre uma possível nova onda de consolidações no setor, Filosa disse que, no momento, o tema não está em pauta, mas admitiu que a indústria está encolhendo sob o peso das regulações ambientais, ao mesmo tempo em que enfrenta uma clara superprodução vinda da China.
“É uma situação preocupante”, afirmou.

Em relação às marcas de prestígio do grupo, como Maserati e Alfa Romeo, o executivo foi categórico: “A Maserati não está à venda”.
Contudo, revelou que a consultoria McKinsey & Co. foi contratada para revisar a estratégia de longo prazo da marca, incluindo quais modelos devem ser desenvolvidos.
A Stellantis é uma gigante global com marcas como Fiat, Jeep, Peugeot, Citroën, Opel, Chrysler, Dodge, Maserati e outras sob seu guarda-chuva. E, com esse portfólio, Filosa reforça que cada marca é valiosa para o grupo.
No entanto, também reconhece que será preciso se adaptar rapidamente para não perder relevância diante do avanço chinês e das pressões regulatórias.
No pano de fundo, está a frustração crescente com os objetivos ambientais da União Europeia. A meta de que 80% das vendas globais da Stellantis sejam de veículos elétricos até 2030 já foi colocada em revisão.
Em 2024, a própria empresa admitiu que “esse objetivo pode levar mais tempo do que o esperado”.
Agora, com um novo CEO no comando e um setor automotivo cada vez mais pressionado por dentro e por fora, a pergunta que fica é: será que a Europa vai ouvir o alerta antes que seja tarde demais?
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