Stellantis tenta surfar na onda do patriotismo, com campanhas “Made In America”, mas é acusada de enganar o público

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No meio da crescente tensão comercial entre os EUA e outros países, o patriotismo virou estratégia de marketing para muitas montadoras — mas a tentativa da Stellantis de surfar nessa onda parece ter dado errado.

Em meio à polêmica envolvendo os novos 25% de tarifa impostos por Donald Trump sobre carros e peças importadas, a empresa se viu obrigada a retirar do ar uma série de comerciais que exageravam no tom nacionalista.

Marcas como Jeep, Dodge e Ram lançaram recentemente campanhas exaltando suas raízes americanas. A Jeep evocava seu passado militar e se autoproclamava “a marca mais patriótica da América”.

A Dodge enfatizava que seus carros eram feitos no país. Já a Ram ia além: afirmava que suas picapes eram “construídas do zero nos Estados Unidos”.

O problema é que, segundo a organização independente Truth in Advertising (TIA) , nada disso corresponde exatamente à realidade.

A ONG enviou uma carta à Stellantis afirmando que os anúncios violam as diretrizes da Comissão Federal de Comércio (FTC), que proíbe o uso das expressões “feito nos EUA” ou “construído nos EUA” em produtos que não sejam compostos exclusivamente, ou quase totalmente, por peças produzidas no próprio país.

E isso, segundo a TIA, não se aplica a nenhum modelo das marcas da Stellantis.

Mesmo o Tesla Model 3, considerado o veículo mais americano em termos de conteúdo, ainda traz 12,5% de componentes importados. Nos casos de Jeep, Dodge e Ram, a participação de peças vindas de México, Canadá, Ásia e Europa é ainda mais significativa.

A TIA reconheceu que a Stellantis tem fábricas em solo americano e gera empregos no país, mas criticou o que chamou de “exagero ilegal” no discurso publicitário, ainda mais em um momento delicado para os consumidores dos EUA, que estão sendo diretamente impactados pelos novos impostos e pela instabilidade no setor automotivo.

A resposta da Stellantis foi rápida: ainda na tarde do mesmo dia em que recebeu a notificação, a empresa retirou os anúncios do YouTube para ajustes, embora as versões originais ainda estivessem passando na televisão no dia seguinte.

A expectativa é que as campanhas retornem com uma mensagem mais precisa sobre a origem dos veículos.

O episódio serve como alerta para outras montadoras que estão tentando capitalizar em cima do “Made in USA”. Em tempos de tarifas e nacionalismo comercial, os detalhes importam — e exagerar no marketing pode sair caro.


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Autor: Eber do Carmo

Fundador do Notícias Automotivas, com atuação por três décadas no segmento automotivo, tem 20 anos de experiência como jornalista automotivo no Notícias Automotivas, desde que criou o site em 2005. Anteriormente trabalhou em empresas automotivas, nos segmentos de personalização e áudio.