Stellantis usa IA para ressuscitar voz de ator falecido, e isso reacende o debate sobre ética no marketing

stellantis propaganda ai 2
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O avanço da inteligência artificial vem invadindo os mais variados setores — da assistência virtual aos carros inteligentes — mas a Stellantis decidiu dar um passo além.

Em sua mais recente campanha publicitária nos Estados Unidos, o grupo automotivo responsável por marcas como Jeep, Ram, Dodge e Chrysler usou IA para trazer de volta a voz de um dublador já falecido.

O resultado? Um comercial com ares patrióticos, mas que levanta sérias dúvidas sobre os limites éticos do marketing digital moderno.

A voz em questão é de Kevin Yon, que ficou eternizado na propaganda “Imported from Detroit”, estrelada por Eminem durante o Super Bowl de 2011, promovendo o sedã Chrysler 200.

Yon faleceu em 2018, mas a Stellantis achou que sua voz ainda tinha muito a dizer — e decidiu recriá-la com inteligência artificial para uma nova peça publicitária em parceria com a America250, organização responsável pelas celebrações dos 250 anos da independência dos Estados Unidos.

De acordo com o próprio grupo Stellantis, a IA foi treinada com gravações antigas de Yon para simular fielmente sua narração.

O comercial, desenvolvido pela agência GSD&M, conecta as marcas do conglomerado a momentos históricos norte-americanos — como o papel da Jeep na Segunda Guerra Mundial e o uso das picapes Ram em eventos esportivos típicos dos EUA.

Tudo isso embalado por uma narração que, à primeira ouvida, parece natural, mas que na verdade vem de uma máquina.

stellantis propaganda ai
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Olivier François, diretor global de marketing da Stellantis, explicou a escolha da IA como uma “homenagem”: “Catorze anos depois, ainda consideramos a voz do Kevin como lendária. Era a única que poderia anunciar esse momento histórico”.

Mas nem todos concordam. Nas redes sociais, o uso da tecnologia dividiu opiniões.

Enquanto alguns enxergam o comercial como uma homenagem justa, outros criticam o que chamam de “marketing necromante” — onde a imagem (ou a voz) de artistas falecidos é explorada para fins comerciais sem seu consentimento explícito.

Afinal, Kevin Yon jamais aprovou esse novo uso de sua voz — e muito menos teve escolha.

Além da polêmica com a IA, o anúncio também apresenta outras curiosidades.

Em vez de destacar veículos que realmente estão à venda hoje, como a linha de minivans que fez fama na Chrysler, o comercial opta por mostrar o conceito futurista Halcyon, que talvez nunca chegue às ruas.

A campanha ainda confirma oficialmente a renovação da identidade visual de Dodge e Chrysler, com os novos logotipos aparecendo nos segundos finais da peça.

E, como não podia faltar, a Stellantis promete lançar uma linha especial de veículos temáticos em 2025, celebrando os 250 anos dos EUA com edições limitadas de seus modelos.

No fim das contas, o comercial foi eficaz em um aspecto: está fazendo todo mundo falar.

Se isso vai se traduzir em vendas ou em boicotes, ainda é cedo para saber.

Mas uma coisa é certa: quando até os mortos entram para o time de marketing, é porque chegamos a um novo e estranho capítulo na história da publicidade automotiva.



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Autor: Eber do Carmo

Fundador do Notícias Automotivas, com atuação por três décadas no segmento automotivo, tem 20 anos de experiência como jornalista automotivo no Notícias Automotivas, desde que criou o site em 2005. Anteriormente trabalhou em empresas automotivas, nos segmentos de personalização e áudio.