
A Stellantis está prestes a dar uma guinada em sua estratégia global, com um pacote de investimentos que pode chegar a US$ 10 bilhões — cerca de R$ 50 bilhões — nos Estados Unidos.
A decisão, segundo fontes próximas ao assunto, vem em meio a uma tentativa da montadora de recuperar o prestígio perdido no mercado norte-americano, foco principal de marcas como Jeep e Ram.
Metade desse montante já havia sido prometido anteriormente em 2025, mas a outra metade deve ser anunciada nas próximas semanas.
O destino dessa grana envolve fábricas nos estados de Michigan e Illinois, com planos que incluem recontratações, reabertura de plantas desativadas e o lançamento de novos modelos.
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A empresa não comentou oficialmente os detalhes, mas confirmou que revisa todos os futuros investimentos como parte de uma atualização estratégica prevista para o próximo ano.
A mudança de postura está sendo conduzida por Antonio Filosa, novo CEO que assumiu o comando em maio.
Ele vem tentando reorganizar as prioridades da empresa, deixando de lado parte da política de seu antecessor, Carlos Tavares.
Tavares focava em transferir operações para países de menor custo como o México e apostava pesado no mercado europeu — onde a demanda segue fraca e os lucros, quase nulos.
Nos bastidores, comenta-se que a Stellantis pode até reviver um muscle car V8 sob a marca Dodge, além de estudar um resgate gradual da quase esquecida Chrysler.

A ideia é restaurar o apelo emocional e comercial de marcas americanas icônicas, num movimento que visa reconquistar o consumidor local.
Há também motivações políticas.
Grandes corporações vêm anunciando investimentos robustos em solo americano, uma tendência que coincide com a corrida eleitoral de 2026 e a tentativa de alinhar interesses com o ex-presidente Donald Trump, que tem sinalizado sua intenção de voltar ao poder.
Recentemente, a Hyundai elevou seu investimento nos EUA para US$ 26 bilhões até 2028, e gigantes farmacêuticas europeias seguiram o mesmo caminho.
Para a Stellantis, os bilhões que serão aplicados em território americano podem ajudar a cumprir uma promessa feita pelo presidente do conselho, John Elkann, de trazer de volta 1.500 funcionários à planta de Belvidere, em Illinois.
Essa fábrica estava parada, mas poderá ser reativada para fabricar uma nova picape média, o que também atenderia às exigências do poderoso sindicato United Auto Workers.
No entanto, esse reforço no mercado americano vem acompanhado de cortes e congelamentos na Europa.

A empresa já anunciou a suspensão temporária da produção em oito fábricas, incluindo unidades responsáveis pelos modelos Alfa Romeo Tonale e Fiat Panda.
E não para por aí: Filosa também está cancelando parcerias, como a joint venture de hidrogênio com a Michelin, e avaliando a venda do serviço de compartilhamento de carros Free2move.
Essas decisões preocupam os sindicatos europeus, especialmente na Itália, onde a Stellantis havia apresentado no fim do ano passado um plano ambicioso de produção. Filosa terá que encarar uma reunião tensa com representantes sindicais italianos no dia 20 de outubro, diante do risco real de fechamento de plantas.
Enquanto isso, nos Estados Unidos, a Stellantis tenta contornar a possível aplicação de uma tarifa de 25% que pode afetar as picapes Ram produzidas no México.
Com essa pressão nas costas e a concorrência acirrada de montadoras chinesas como a BYD na Europa, a prioridade ficou clara: os olhos da Stellantis agora estão voltados para o oeste, onde ainda há margem de lucro e espaço para crescer.
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