
A Subaru, conhecida por sua lealdade a motores boxer e tração integral, está hesitando em embarcar de vez na onda dos veículos elétricos.
Depois de um início tardio na corrida elétrica, a montadora japonesa agora afirma estar “reavaliando” sua estratégia de eletrificação — um sinal claro de insegurança diante de um mercado em transição, mas cercado por incertezas políticas e econômicas.
Nos Estados Unidos, o único EV da marca é o Solterra, um SUV desenvolvido em parceria com a Toyota.
A promessa de um segundo modelo, o Trailseeker, foi feita durante o Salão de Nova York e está prevista para 2026, mas não há sinais de que outros veículos elétricos se juntarão à linha tão cedo.

O motivo? Um combo de vendas estagnadas, lucros em queda e uma avalanche de incertezas sobre tarifas e incentivos fiscais nos EUA.
As políticas do governo Trump, que retornou ao poder, são uma dor de cabeça particular para a Subaru.
Apesar de ter uma planta em Indiana, ela produz menos da metade dos mais de 700 mil veículos que a marca vende anualmente nos EUA.
O restante vem do Japão — e aí entra o problema: os novos impostos de importação podem gerar um impacto de até US$ 2,5 bilhões por ano para a montadora.

A solução natural seria aumentar a produção local, mas a capacidade atual da fábrica de Indiana é de 345 mil unidades.
Ainda que fosse possível chegar a 500 mil, a cadeia de fornecedores não consegue passar das 370 mil sem um investimento massivo.
Com isso, o projeto de construir uma nova fábrica exclusivamente para EVs está sendo revisto. A Subaru agora cogita incluir veículos a combustão na nova planta, diluindo a aposta no mercado elétrico.
Os números do último ano fiscal só aumentam a tensão interna. O lucro operacional da empresa caiu 13%, para US$ 2,7 bilhões, enquanto as vendas globais recuaram 4,1%, com destaque negativo para a América do Norte, que representa a maior fatia dos negócios da marca.

A reavaliação da estratégia da Subaru levanta uma questão incômoda: a marca estaria se preparando para ficar à margem da transformação elétrica da indústria?
Enquanto concorrentes como Ford, GM, Hyundai e a própria Toyota já planejam portfólios robustos de EVs, a Subaru parece presa entre o passado e um futuro que ainda não sabe se quer abraçar.
Por enquanto, o Trailseeker está a caminho.
Mas, com a falta de clareza sobre o destino dos incentivos fiscais e a ameaça de tarifas explosivas, o plano da Subaru para a eletrificação está mais para trilha de cascalho do que para estrada asfaltada.

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