
Enquanto a Tesla se prepara para testar seu sistema de direção autônoma sem supervisão em vias públicas ainda este ano, o recurso já funciona, mas apenas dentro das instalações da Tesla.
Segundo a montadora, veículos recém-produzidos, incluindo o excêntrico Cybertruck, estão se deslocando sozinhos das linhas de montagem até os pátios de envio nas unidades do Texas e da Califórnia.
É o que a Tesla está chamando de “FSD Unsupervised”, uma versão ainda mais ousada de seu sistema Full Self-Driving.
Na prática, os carros estão sendo entregues para eles mesmos – sem motorista, sem carona, e sem ajuda humana no volante – numa espécie de test drive de fábrica em circuito fechado.

Em Austin, no Texas, esse sistema já está totalmente implementado. Model Ys e Cybertrucks percorrem trajetos específicos, interagindo com caminhões, pedestres, empilhadeiras, outros carros e até obras em andamento.
Segundo a Tesla, mais de 80 mil quilômetros já foram rodados assim, tudo sem um ser humano no comando.
Vídeos divulgados pela empresa mostram o Cybertruck encarando um túnel apelidado poeticamente de “birthing tunnel” – com direito a uma rampa de 17% de inclinação.
Enquanto isso, os Model Y percorrem 2,3 km de maneira fluida, se cruzando com os caminhões e outros veículos da fábrica como se estivessem em uma simulação do The Sims versão logística industrial.

Mas calma lá antes de decretar o fim dos motoristas.
Esses trajetos são curtos, conhecidos, bem delimitados e absolutamente previsíveis. Muito diferente da vida real, onde uma criança pode correr entre os carros, uma moto pode cortar pela direita ou um motorista pode esquecer que a seta existe.
Fora isso, vale lembrar que a Tesla já foi acusada de encenar demonstrações de autonomia no passado – incluindo aquela apresentação com o robô “Optimus”, que mais parecia o primo do Chapolin Colorado.
Outra ironia? Apesar da pompa da propaganda, o Cybertruck atual ainda carece de várias funções básicas que estão disponíveis em outros modelos da Tesla.
Nada de estacionamento autônomo, nem reversa sozinha, e sequer é possível ativar o piloto automático quando o veículo está parado. Ou seja: dentro da fábrica, ele parece saído de um filme de ficção científica. Fora dela, ainda está esperando uma atualização.
Model Ys autonomously navigate a 1.4 mile trip on a road shared with pedestrians, cars, semi trucks, construction equipment & more pic.twitter.com/iPx2fs78v2
— Tesla AI (@Tesla_AI) April 13, 2025
Por outro lado, é inegável que a estratégia tem um lado engenhoso: ao usar suas próprias fábricas como campo de testes realista, mas controlado, a Tesla consegue acumular dados valiosos para refinar seu sistema de direção autônoma sem se expor aos riscos e à regulamentação das ruas.
E tudo isso faz parte do plano maior de Elon Musk: tornar a Tesla uma empresa de transporte autônomo e, eventualmente, lançar um robotáxi que, teoricamente, vai rodar 300 milhas com uma bateria de apenas 50 kWh.
Ambicioso? Sem dúvida. Mas ainda falta mostrar que o sistema realmente sabe lidar com o mundo lá fora – onde o trajeto não é sempre o mesmo e ninguém avisa com antecedência quando vai cruzar a faixa.
A previsão da Tesla é começar os testes públicos pagos do FSD Unsupervised em Austin a partir de junho, dependendo da liberação dos órgãos reguladores.
Até lá, o Cybertruck segue passeando sozinho pelo quintal da empresa – o que já é mais do que ele consegue fazer nas ruas.

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